Novos empreendedores de Angola têm que deixar de pensar em ajuda do governo e darem os primeiros passos por conta própria, disse dois jovens empresários no “Angola Fala Só”.
Soraya Santos e Edilson Pires abordaram as dificuldades a que qualquer iniciativa terá que fazer face, desde difícil acesso a crédito, burocracia e outros desafios mas alertaram que todos devem tentar iniciar o seu negócio com os seus próprios meios.
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Soraya Santos opera a loja “on-line” Inzoiami que se dedica à venda de produtos de “pano do Congo” como toalhas, guardanapos e outros.
A proprietária do Inzoiami fez notar que não recorreu a qualquer crédito bancário ou do estado iniciando a sua actividade angariando fundos de familia e contratando já um costureiro e uma empresa de que faz entrega do material vendido.
Soraya Santos disse que em Angola há ainda a mentalidade de dependência do governo.
“Não é trabalho do governo criar empregos, isso é trabalho dos empreendedores”, disse afirmando que o governo deve “criar metodologias” para o crescimento do empreendedorismo privado.
“Tal como não podemos sempre depender dos nossos pais temo também que largar a dependência do governo”, acrescentou.
Edilson Pires cuja companhia EP Drones foi formada com dinheiro poupado é da mesma opinião.
“Tudo o que espero do governo é que não atrapalhe os negócios”, disse.
“Desde que não atrapalhem está tudo bem”, acrescentou
A sua empresa usa “drones” para monitorizar e mapear projectos da construção civil e agricultura, diminuindo assim riscos e tempo das operações.
Como exemplo citou a elaboração de mapas topográficos, inspecções com câmaras de alta definição e infra vermelhas, para se efectuar inspecções que visam detectar deficiências em construções.
Soraya Santos apontou o risco de obter empréstimos bancários que, segundo disse, são fixados ao câmbio do kwanza ao dólar o que significa que com a desvalorização da moeda nacional há um grande risco de ver os pagamentos aumentarem substancialmente em kwanzas, enquanto Edilson Pires falou dos altos juros de crédito que o levaram a contar com os seus meios financeiros
Ambos os empresários queixaram-se contudo da falta de informação que existe de medidas do governo para incentivar o empreendedorismo privado.
Soraya Santos disse que foi só graças a um encontro que manteve com outros empresários através da Câmara de Comércio Estados Unidos/ Angola que ficou a saber da existência incentivos de diminuição de taxas para os empreendedores.
“Tenho quase a certeza que muitos poucos sabem que existe um instituto que trata disso”, afirmou.
“Há iniciativas e ideias louváveis mas a falta de informação impede que tenhamos conhecimento dessas pequenas ajudas”, disse Soraya Santos.
Edilson Pires concordou acrescentando que toda essa informação “deveria ser digitalizada”.
O proprietário da EP Drones disse que muitas vezes os empreendedores não sabem mesmo em que locais buscar informação sobre esses incentivos.
“Se estivesse tudo digitalizado seria muito mais fácil buscar informação,” disse.
“A falta de informação é o maior empecilho”, acrescentou.