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O conhecido rapper angolano MCK disse hoje, 10 Agosto, que poderá no futuro participar directamente na vida política angolana.
MCK falava no programa “Angola Fala Só” marcado por elevado número de participação de ouvintes quer pelo telefone quer pelas redes sociais.
Respondendo a uma pergunta sobre uma das suas músicas em que uma figura baseada numa pessoa morta pela guarda presidencial, Sebastião Cherokee, interroga MCK sobre a participação nas eleições presidenciais de 2022 o rapper disse que isso “é um cenário hipotético porque neste momento não temos a candidatura presidencial separada da legislativa”, pelo que não pode haver uma candidatura presidencial independente.
Mas, “nunca descartei a possibilidade de abraçar uma carreira política no futuro”, acrescentou o rapper.
Interrogado sobre o actual momento político em Angola, MCK disse haver “uma tónica de mudança” mas manifestou-se céptico quanto ao rumo do governo sob a tutela do Presidente João Lourenço.
“É o mesmo regime”, disse MCK que acrescentou que o presidente foi eleito pela lista do MPLA com o seu programa.
MCK disse ainda que um pedido para um concerto só tinha sido aprovado dois dias antes apesar de ter sido pedido mais de um mês antes e que uma palestra que tencionava realizar na Mediateca do Cazenga foi cancelada “por ordens superiores”.
“Ordens superiores significa superiores à lei, acima da lei”.
Por outro lado, os seus vídeos não são ainda publicados nos media estatais ou em órgãos privados associados ao governo.
No entanto “todos os dias sinto-me mais livre pois é essa a minha luta e a de milhões de angolanos”, afirmou.
O rapper abordou também a luta contra a corrupção levada a cabo pelo Presidente João Lourenço afirmando que as medidas adoptadas até agora “são sinais”.
“Devemos avaliar essa questão pelo seu desfecho e não pelas iniciativas”, afirmou.
“Mas são bons sinais (...) vai levar algum tempo até estarmos numa democracia”, pois de momento “não há grandes mudanças visíveis”.
O músico angolano abordou ainda a questão das eleições autárquicas manifestando-se contra a proposta do governo de gradualismo geográfico.
“'Um só povo, uma só nação' deve-se aplicar às autarquias”, afirmou.
Sobre o próximo congresso do MPLA e possível afastamento de José Eduardo dos Santos da presidência do partido no poder, MCK afirmou que isso “é um assunto que diz respeito aos militantes do MPLA”.
Contudo “seria importante o MPLA estimular o exercício da democracia a nível interno”.
Falando sobre a sua música MCK afirmou que “o ponto de inspiração principal é a vida”: “Tudo aquilo que o dia-a-dia produz é objecto de recriação artística por intermédio do rap”.
O músico vai lançar o seu último álbum “Valores” no Domingo e ele qualificou a obra como “o álbum da maturidade do artista”, acrescentando que “ a nível rítmico a matriz sonora é completamente diferente dos álbuns anteriores que têm como matriz a dinâmica da música africana”.
“Neste álbum fugi um pouco a essa dinâmica pois estou a fazer coisas mais experimentais, mais viajadas”.
Vários ouvintes quiseram saber a alegada disputa de MCK com o rapper Vui Vui, algo que MCK se recusou a comentar afirmando que há assuntos mais importantes do que isso pelo que não é sua intensão “perder energia a preocupar-me com outro rapper”.
Interrogado sobre que conselho poderia dar ao governo sobre questões culturais MCK disse que começaria por sublinhar a necessidade de se fomentar “o exercício cultural livre”.
“A cultura é dos elementos de manifestação que deve ser mais livre de todos”.
“Temos uma cultura que não cria políticas de fomento, de exposição e apresentação livre dos artistas e estamos a reduzir os artistas a uma situação de pobreza muito forte”, acrescentou.
MCK frisou também a necessidade de se defender os valores africanos.
“Se fosse conselheiro da ministra da cultura o meu conselho seria para ela usar cabelo natural para uma apresentação mais próxima da realidade cultural angolana”, disse.
Acompanhe o programa em video: