Angola: Violência doméstica de mãos dadas com pobreza e desemprego

  • Agostinho Gayeta
Muitas mulheres depois de apresentarem queixa vêm-se coagidas por familiares a recuar na sua decisão de fazer justiça.
Os casos de violência doméstica em Angola contam-se pelos milhares e o sociólogo Pedro de Castro Maria aponta factores de ordem psíquica, social, cultural e financeira que concorrem para o aumento deste tipo de crimes.

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Angola: Violência doméstica de mãos dadas com pobreza e desemprego

O académico estabelece uma relação entre o desemprego, a pobreza, a exclusão social e a má gestão do território. Trata-se de situações que no seu entender propiciam o crescimento da violência no seio familiar.

O executivo, na opinião do sociólogo, é um dos intervenientes importantes quando o assunto é relacionado à harmonia social, a par da igreja e da escola.
Pedro de Castro Maria compreende que o governo tem a responsabilidade de promover políticas que tornem os cidadãos realizados pessoal e profissionalmente para redução da pobreza e para melhor estruturação do modo de vida urbano.

Algumas organizações não-governamentais entrevistadas pela Voz da América em Luanda, confirmaram que muitas mulheres depois de apresentarem queixa-crime junto das instituições de direito, vêm-se coagidas por familiares a recuar na sua decisão de fazer justiça. Sobre este assunto a psicóloga Antónia Lisboa explica o carácter cíclico da violência que pode resultar em perturbações mentais graves, depressão, consumo exagerado de bebidas alcoólicas e até mesmo no suicídio.

As igrejas e os meios de comunicação social têm um papel fundamental na luta contra violência doméstica. Pedro de Castro Maria apela assim às congregações religiosas a redobrarem os seus esforços no sentido de promover a harmonia social.

A Associação Angolana das Mulheres de Carreira Jurídica não está satisfeita com trabalho dos meios de comunicação e acredita que o bom desempenho do “ quarto poder”, pode influenciar a mudança do quadro. A jurista e membro da organização, Eduarda Borja, é a favor de uma maior persistência no acompanhamento e desfecho dos casos que mais chamam atenção à sociedade.

Por seu turno o Advogado Pedro Kaparakata cujo ponto de vista em relação a ao trabalho dos órgãos de comunicação social é desigual, considera falsos os dados segundo os quais o número de casos de violência doméstica em Angola tem vindo a aumentar. O jurista baseia-se no crescimento do nível de instrução da população para justificar a sua tese.

Kaparakata diz por outro lado que a propagação de informações sobre o aumento de casos de violência doméstica em Angola visa tão-somente desviar atenção da população aos problemas fulcrais da sociedade.

Este é um assunto que a Voz da América em Luanda vai continuar a abordar na próxima edição de fim-de-semana, com um olhar particular à Lei Contra Violência Doméstica e a sua regulamentação.