AI e organização moçambicana pedem "investigação completa, imparcial e independente" a prisão de ativista

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Sheila Wilson, oficial de midia do Centro para Democracia e Direitos Humanos, Moçambique

Amnistia Internacional (AI) e a Rede de Defensores dos Direitos Humanos de Moçambique (RMDDH) instam as autoridades moçambicanas a investigarem a detenção defensora dos direitos humanos, Sheila Wilson, quando, na terça-feira, 4, ela transmitia em direto um grupo de antigos antigos membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS) que exigiam o pagamento das indemnizaçōes devidas pelo Estado há muitos anos na sequência do Acordo Geral de Paz de 1992.

“Durante a emissão, na página de Facebook do Centro para o Desenvolvimento e Democracia (CDD), foi possível ouvir a jornalista a gritar por socorro até ser levada pela polícia para a 4.ª Esquadra”, diz a nota daquelas organizações que acrescentam ainda que “durante a prisão, Sheila foi violentamente empurrada para a traseira do veículo da polícia e, como resultado, ficou ferida na cabeça”.

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O comunicado conjunto acrescenta que ela foi libertada, “sem acusações, horas depois”.

A AI e a RMDDH também se referem à agressão fisica, “alegadamente pela polícia” a dois jornalistas que tiveram a sua câmara de filmar apreendida quando entrevistavam o porta-voz da Polícia Moçambicana, Leonel Muchina.

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“A detenção de Sheila, incluindo o confisco da câmera de filmar da STV, proporcionou uma demonstração ao vivo do tratamento que os jornalistas enfrentam em Moçambique. É uma violação do direito à informação, da liberdade de expressão e de opinião e contribui para limitar a liberdade de imprensa”, afirma o diretor regional da AI para a África Oriental e Austral.

Tigere Chagutah sublinha que “as ações da polícia, visíveis em vídeos fornecidos à Amnistia Internacional e partilhados nas redes sociais, seguem um padrão perturbador de táticas imprudentes e ilegais contra jornalistas” e insta a polícia a “abster-se de prender, atacar e intimidar arbitrariamente jornalistas ou de confiscar o seu equipamento”.

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Por seu lado, o presidente da RMDDH Adriano Nuvunga conclui que “as autoridades moçambicanas devem conduzir uma investigação completa, imparcial e independente à prisão arbitrária de Sheila e os perpetradores devem ser levados à justiça num julgamento justo”.

Embaixada dos Estados Unidos "preocupada"

Ontem, em nota, a Embaixada dos Estados Unidos da América em Moçambique também disse estar “profundamente preocupada com os relatos de violações dos direitos humanos contra jornalistas na terça-feira.

A representação diplomática americana reiterou que “apoia os apelos para que as autoridades moçambicanas investiguem esses incidentes, garantindo que todos os autores sejam responsabilizados”.

”Os direitos humanos e as liberdades de imprensa devem ser defendidos como pilares essenciais de uma sociedade democrática”, sublinha a Embaixada que continuará a acompanhar a situação de perto.

A estação televisiva STV disse que a polícia informou que a câmera estava na posse de três jovens, mas não mais detalhes.