Africanos consideram a raça como factor irrelevante na escolha do novo Papa

  • Nancy Palus

Papa Bento XVI na benção ao novo Cardinal John Olorunfemi Onaiyekan da Nigéria durante um cerimónia na Basílica de San Pedro no Vaticano (Nov 24, 2012)

Com dois potenciais candidatos ao posto máximo da Igreja Católica os africanos fazem a prova da modéstia até ao dia da escolha
Entre os cardeais que deverão substituir o Papa Bento XVI estão dois proeminentes africanos, ambos originários da África Ocidental e são considerados de candidatos de peso.

África é uma das regiões do mundo onde o catolicismo está em progressão, e muitas pessoas pensam ser altura para um não-europeu e possivelmente um negro assumir as rédeas da Igreja Católica.

Para muitos católicos africanos a origem do Papa ou seja a sua raça é menos importante, e o que importa é somente a sua convicção em dirigir a Igreja.

Mesmo em 2005 quando o Papa Bento XVI foi eleito, o Cardeal Francis Arinze da Nigéria já era visto como um possível sucessor de João Paulo II. Arinze tem actualmente 80 anos e é ainda considerado como um candidato consistente, assim como o seu colega o Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson de 64 anos do Gana.

As últimas projecções do Vaticano mostram que entre 2009 e 2010 na maior dos continentes o número de crentes católicos no mundo caiu, a excepção de África e do Sudeste da Ásia. O número de seminários também baixou na Europa e Américas, mas aumentou na Ásia e na África.

A resignação do Papa Bento XVI levantou com isso uma nova questão se era tempo para um Papa não-europeu, particularmente um negro africano, depois de séculos de Papados Europeus e maioritariamente de origem italiana. Mas os católicos no Senegal e Gana vêem a questão da raça como irrelevante.

Gabriel Charles Palmer-Buckle é arcebispo de Acra na capital do Gana.

“Para nós na Igreja Católica isto não tem importância e não deveria ter. O mundo católico quer dizer que todas as culturas, todas as raças, todos os povos estão unidos num só corpo, portanto isto não deve ser importante se a pessoa é negra, branca ou amarela.”

O Cardeal Théodore Adrien Sarr, arcebispo de Dakar, vai estar entre os cardinais que deverão eleger o novo Papa. Falando aos jornalistas na Segunda-feira, ele disse que não é a origem étnica do Sumo pontífice que conta, mas sim a sua força e convicção em liderar a Igreja.

O Cardeal Adrien Sarr acrescentou no entanto ter dúvidas de que chegou o momento para um Papa africano.

"Há muito tempo que vem analisando esta questão no meu íntimo. Estaria a Igreja Católica preparada para um líder africano? Estará o mundo pronto para um Papa negro? Tenho as minhas dúvidas.”

O Cardeal Théodore Adrien Sarr acrescentou que o mais importante é saber se o novo Papa será capaz de ajudar a todos a aumentar a fé e se será forte para reforçar a comunidade católica.

Na segunda assembleia extraordinária dos Bispos em África em 2009, o Papa Bento XVI falou acerca do papel da igreja numa altura que o continente enfrenta o fundamentalismo religioso, a pobreza, injustiça e guerra. Bento XVI disse ainda que uma parte da acção da igreja é apelar para a reconciliação de diferentes etnias, línguas e grupos religiosos.

O Papa Bento XVI abandona o cargo no dia 28 de Fevereiro. Os Cardeais vindos de todas as regiões do mundo deverão reunir-se no dia seguinte para dar início ao processo eleição do novo Papa.