Silvia Ferreira, uma economista e empreendedora de Nampula, Moçambique, tem se destacado pela sua visão inovadora no setor da construção. Co-fundadora da Cosini Lda, uma empresa moçambicana focada em soluções imobiliárias e industriais, Silvia está determinada a melhorar o acesso à habitação no país. Com uma formação sólida em Economia pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e um MBA pela Vlerick Business School na Bélgica, ela traz uma perspectiva única para o empreendedorismo no setor de construção em Moçambique.
Durante uma entrevista ao programa Fala África VOA, Silvia destacou a importância da sua formação acadêmica para a sua trajetória empresarial.
“Ao longo do curso, creio que fui uma das estudantes mais destacadas. Acabei fazendo meu estágio no Banco Federal de Moçambique, mas também sempre tive uma veia empreendedora”, explicou Silvia. Essa combinação de habilidades e experiências permitiu que ela se aventurasse inicialmente no ramo da moda antes de se voltar para o setor de construção.
A motivação veio da necessidade pessoal: “A própria ideia de iniciar a empresa na área de construção vem da necessidade de construir a casa da minha própria mãe,” ela revelou.
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A visão de Silvia vai além dos negócios; ela busca um impacto social significativo. Em Moçambique, menos de 5% das famílias têm acesso a uma habitação digna, conforme os padrões das Nações Unidas.
“Nós escolhemos a inovação e usar os recursos que temos disponíveis para melhorar as condições de habitação. Se considerarmos a população moçambicana, estamos falando em torno de 30 milhões de pessoas, com pelo menos metade economicamente ativa,” disse Silvia. Ela acredita que, ao simplificar as etapas de construção e implementar ideias inovadoras, é possível melhorar este número preocupante.
Além de sua atuação na Cosini Lda, Silvia participou este ano da Conferência de Mulheres na Economia, onde foi discutido o papel do empreendedorismo feminino no desenvolvimento econômico de Moçambique. Ela compartilhou que a conferência foi uma plataforma valiosa para conectar mulheres de diferentes setores, desde a comercialização de peixe até o agronegócio e a construção.
“Conseguimos encontrar pontos em comum nos desafios de ser uma mulher empreendedora no nosso país, assim como pontos de complementaridade,” disse Silvia. A conferência também destacou histórias de sucesso, como a de uma mulher que, vendendo peixe, conseguiu criar cinco profissionais de nível superior.
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Para Silvia, o empreendedorismo feminino é essencial para o crescimento econômico e a inclusão social em Moçambique, especialmente no setor da construção. Ela defende a necessidade de um ecossistema inclusivo que aproveite o potencial das mulheres: “Precisamos criar um ecossistema em que conseguimos ligar o que já está disponível na natureza, o que já temos de tecnologia, aprendizado, e contribuir de fato com melhores condições de habitação,” explicou.
Silvia conclui enfatizando o valor da perspectiva feminina na construção: “A casa não é apenas a estrutura, mas é o acabamento... quando colocamos um toque feminino, traz muita diferença, minimiza erros graves de construção que depois podem gerar problemas de saúde, segurança, entre outros.” A sua trajetória e visão mostram que, com determinação e inovação, é possível criar um impacto duradouro na sociedade moçambicana.