ONU: Inflação impulsionada pela guerra da Ucrânia arrasta 71 milhões para a pobreza

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Grãos de trigo numa instalação de armazenamento de cereais numa quinta perto de Izmail, na região de Odessa, no meio da invasão russa da Ucrânia.

Estudo mostra que a guerra na Ucrânia fez subir os custos dos alimentos, do combustível

Um estudo da ONU divulgado quinta-feira, 7, mostra que os primeiros três meses da guerra na Ucrânia fizeram subir o custo global do combustível e dos alimentos, criando uma inflação recorde que ajudou a empurrar 71 milhões de pessoas para a pobreza.

Falando durante uma conferência de imprensa virtual em Genebra, o Administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Achim Steiner, afirmou que a análise de 159 países em desenvolvimento indicou que os picos de preços em produtos chave já estavam a ter "impactos imediatos e devastadores sobre as famílias mais pobres do mundo".

O estudo mostra que o choque económico da invasão russa da Ucrânia ocorreu após 18 meses de bloqueio pandémico da COVID-19, o que teve um impacto negativo mais lento mas cumulativo e forte nas economias mundiais. Ele disse que a pandemia já tinha empurrado cerca de 125 milhões de pessoas para a pobreza.

Na mesma conferência, o economista sénior do PNUD, George Gray Molina, disse que como resultado muitos países enfrentaram 36 meses de "choque após choque após choque".

Molina disse que o impacto da guerra tem sido "drasticamente mais rápido", afectando o fornecimento global de alimentos e energia e provocando o aumento da inflação.

Steiner disse que o fracasso dos governos em tomar medidas decisivas e "radicais" corre o risco de desencadear uma agitação generalizada, uma vez que a paciência e a capacidade das pessoas para lidar com a situação se esgota.

O estudo oferece algumas recomendações de política financeira para enfrentar a crise. Steiner sugeriu, por exemplo, que poderia ser possível para alguns países combater a inflação desenfreada sem recorrer ao "instrumento grosseiro" de aumentar as taxas de juro.

Ele disse que as instituições multilaterais de investimento, tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) poderiam fornecer mais capital para permitir às nações enfrentar a crise através de empréstimos direccionados e outras medidas de resposta à crise.