China pronta a aprender com África no combate do HIV/Sida

Delegados africanos e chineses delineam mais uma estratégia de cooperação para o sector da saúde com os países de África a assumirem-se desta vez como mentores de políticas
Os países africanos afirmam que podem ensinar outros países a lidar com políticas de saúde e sobretudo como combater a Sida.

Numa conferência sobre a saúde a decorrer em Gaborone, no Botswana, a China, um dos mais parceiros do continente africano, afirma que deseja ouvir esses ensinamentos ao mesmo tempo que promove a sua indústria farmaceutica.

Delegados africanos e chineses reuniram-se no Botswana para a 4ª mesa redonda internacional de cooperação no sector da saúde China-África. Foram trocadas experiências de como resolver os problemas de saúde. Habitualmente é África que recebe conselhos do estrangeiro.

Teguest Guerma é directora da Fundação Africana de Pesquisas Médicas – AMREF e diz que a China pode aprender da África igualmente, no combate contra HIV/Sida, por ser mais recente a epidemia do HIV naquele país asiático.

“Começamos pela mudança de comportamento, como mecanismo de prevenção do HIV/Sida, mas não funcionou. A alteração de comportamento sozinha não funciona, tem que haver a combinação com a prevenção. E igualmente eles têm a questão de dtransfusão do sangue que acontece bastante na China e podem aprender como ter que prevenir a transmissão da doença através do sangue. E também como mobilizar as pessoas, como estruturar o tratamento, e tudo isso, eles podem aprender connosco.”

A China e África enfrentam os mesmos desafios no que toca as questões de Sida e do planeamento familiar, com África a ressentir-se da falta de médicos e de pesquisas necessárias para melhorar os cuidados de saúde. Mas a maioria das discussões na mesa redonda concentrou-se na captação de conhecimentos, recursos e oportunidades de investimentos para África.

Ren Minghui do Departamento Chinês de Cooperação Internacional diz que a melhoria dos serviços de cuidados de saúde em África requer uma grande participação do sector privado da China, e o governo chinês está a apoiar esse esforço.

“A indústria de manufaturas da China pode desempenhar um importante papel no apoio aos países africanos em termos de bens de qualidade e de produtos a baixo preço, porque resolvemos os nossos problemas de saúde, através de fabrico de produtos e vacinas na China. Por que razão esse produto de boa qualidade e a baixo preço não pode ser partilhados com os países africanos?”

Este ano a mesa redonda resultou numa série de propostas de como África e China podem aprofundar a cooperação em políticas de saúde. Essas propostas incluem projectos tais como a formação de mais trabalhadores de saúde africanos, estabelecimento do sistema de controlo da malária e a partilha de conhecimento com a China no sistema de vigilancia para reforçcar a cobertura de imunizações contra as doenças.