Um dos proprietários agrícolas zimbabweanos brancos expulso por Robert Mugabe retornou à sua fazenda, tornando-se no primeiro do grupo a recuperar a propriedade.
Robert Smart teve uma escolta militar, na quinta-feira, 22, no regresso à sua propriedade em Lesbury, cerca de 200 quilómetros a leste da capital, Harare.
Um soldado ficou à disposição de Smart caso fosse necessário apoio para entrar na propriedade, mas tal não foi preciso.
Smart e a sua família foram recebidos calorosamente, com lágrimas e cantos pelos trabalhadores negros que viveram e trabalharam por gerações, e que também foram despejados da propriedade.
Terra, emoções, raça e politica
No Zimbabwe, durante a época colonial, os brancos tomaram para si grandes extensões das melhores terras agrícolas do país, deixando para os negros regiões, na sua maioria, não cultiváveis.
Os brancos representavam um por cento da população do país.
A posse de terra no Zimbabwe tem sido durante anos fonte de problemas emocionais, raciais e políticos.
Durante a presidência de Robert Mugabe, os proprietários brancos foram despejados de forma violenta das terras pelas forças de segurança que usavam gás lacrimogêneo e armas AK-47.
Mugabe argumentou que a expropriação de terra agrícola resolveria os desequilíbrios da era colonial.
Os negros que assumiram as fazendas, muitas vezes camaradas de Mugabe, na sua maioria não se ocupavam delas, já que não tinham experiência no ramo.
Em resultado disso e de outras politicas de Mugabe, a economia do Zimbabwe conheceu uma hiperinflação nunca vista.
O novo presidente Emmerson Mnangagwa prometeu desfazer algumas das reformas agrárias de Mugabe na esperança de fazer crescer a economia do país, anteriormente muito próspero.
Novo Zimbabwe
A Associated Press revelou que, no início deste mês, Terrence Mukupe,vice-ministro das Finanças, encontrou-se na Zâmbia com ex-agricultores brancos zimbabweanos que se instalaram lá para persuadi-los a regressar à sua terra.
Em Lesbury, Robert Smart segurou as lágrimas ao cumprimentar velhos amigos e visitar a sua casa anteriormente perdida.
"Estamos muito felizes, na lua. Pensávamos que nunca mais veríamos esse dia chegar", disse, à Reuters, o seu filho Darryn.
O regresso à propriedade, disse Darryn, “dá a esperança de um novo Zimbabwe”.