A presidente do Parlamento moçambicano inicia nesta terça-feira, 25, uma visita à Rússia para reforço de relações bilaterais, a convite da sua homóloga Valentina Matvienko.
Em Maputo, alguns sectores criticam a visita de Esperança Bias no momento em que a Rússia é acusada internacionalmente por invadir a Ucrânia, ms outros classificam esse posicionamento de neutralidade e um alinhamento em prol da defesa de uma nova ordem mundial.
Bias vai discursar na 544ª sessão plenária do Conselho da Assembleia Federal Russa e encontrar-se com a presidente da DUMA, a câmara baixa do legislativo russo.
Em Maputo, as opiniões divergem-se.
“Moçambique continua a ser bastante coerente na sua ideia de manter os seus amigos e, sendo a Rússia um desse eternos amigos, faz esta demonstração de que as suas relações com este país devem continuar, independentemente de toda a crítica internacional feita à Rússia, por causa da sua acção na Ucránia”, diz Hilário Chacate, docente de Relações internacionais e diplomacia na Universidade Joaquim Chissano.
Chacate considera que a posição de Maputo demostra um pagmatismo de quem pode estar alinhado com a ideia de uma nova ordem internacional, com novos actores e mais equilíbrios.
“Neste momento existem os defensores de uma nova ordem mundial, em termos da reforma da ordem mundial vigente, como os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e Moçambique, de uma forma pragmática, pode estar a dar sinas de que pode estar disposto a conviver com uma nova ordem, com novos actores”, frisa aquele académico.
Na Assembleia Geral das Nações Unidas, o Governo de Moçambique sempre optou pela abstenção em nome da neutralidade.
Entretanto, o líder do Partido Podemos, Albino Forquilha, considera que a posição de Maputo pode ser vista como “uma afronta aos amigos e parceiros no Ocidente”.
Por seu lado, o analista político Gil Aníbal olha para a mesma situação com perspectiva diferente e diz que o país está a fazer uso do seu poder de país soberano.
“Moçambique é soberano e por isso não pode parar de prosseguir os seus ideias, nomeadamente, as suas bases de cooperação bilateral e isso não é afronta a qualquer que seja a posição do Ocidente, mas sim, uma coerência com uma posição que sempre demonstrou, de neutralidade perante os conflitos”, diz Aníbal.
A nota do gabinete da presidente da Assembleia da República acrescenta que durante os três dias da visita Esperança Bias vai reunir-se com a comunidade moçambicana e visitar alguns locais históricos.
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