A embaixada dos Estados Unidos no Burundi ordenou a partida das famílias dos seus funcionários e autorizou a saída do seu pessoal não essencial, segundo um comunicado publicado neste sábado, 22, citando os “riscos” neste país vizinho do Ruanda e da República Democrática do Congo (RDC).
Nas últimas semanas, o grupo armado M23, apoiado pelas forças ruandesas, apoderou-se de Goma e Bukavu, as capitais das províncias do Kivu do Norte e do Kivu do Sul, no leste da RDC, depois de ter conquistado vastas áreas da região rica em recursos nos últimos anos.
Desde então, o M23 tem continuado a avançar sem entraves em várias direcções, com os combates a aproximarem-se do Burundi em particular, cujo exército está envolvido no conflito juntamente com as tropas congolesas.
“No dia 21 de fevereiro de 2025, o Departamento de Estado ordenou a partida das famílias e autorizou a saída do pessoal governamental não essencial da missão no Burundi”, escreveu a embaixada dos EUA em Bujumbura, a capital económica do Burundi, perto da fronteira, num comunicado hoje.
“A embaixada dos Estados Unidos em Bujumbura permanecerá aberta e continuará a prestar serviços consulares de emergência”, continua o comunicado.
A missão americana justifica esta decisão com “os riscos no país”, citando em particular as províncias fronteiriças de Cibitoke e Bubanza, para onde fugiram muitas famílias congolesas.
O Burundi está a viver um afluxo de refugiados que não se via há 25 anos, com cerca de 42.000 pessoas, na sua maioria mulheres e crianças do leste do Congo, a refugiarem-se no país nas últimas duas semanas, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
O Burundi, que destacou mais de 10.000 soldados para apoiar o exército congolês desde 2023, começou a retirar tropas face ao avanço do M23 e dos seus aliados, disseram fontes à AFP esta semana, apesar dos desmentidos oficiais.
Na sexta-feira, o M23 estava a aproximar-se de Uvira, uma cidade congolesa na ponta noroeste do lago Tanganica, em frente a Bujumbura. Contactados esta semana pela AFP, os residentes locais descreveram o “caos”.
No mesmo dia, o Conselho de Segurança da ONU condenou pela primeira vez diretamente o Ruanda pelo seu apoio ao M23, que continua a avançar no leste da RDC contra um exército congolês derrotado.
Algumas horas mais tarde, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, apelou a um “cessar-fogo imediato” numa chamada telefónica com o Presidente queniano William Ruto.
"Salientaram que não existe uma solução militar para o conflito e apelaram a um cessar-fogo imediato. Ambos os dirigentes reafirmaram o seu empenhamento em procurar uma solução diplomática para a crise", indica em nota o Departamento de Estado norte-americano.
Esta semana, os EUA decidiram aplicar sanções a membros do Governo do Ruanda e a empresas do país.
De acordo com a ONU, 35.000 pessoas fugiram para o Burundi desde o início de fevereiro, em resultado do conflito na RDC. “A grande maioria são mulheres e crianças, que estão a chegar exaustas e cansadas”, informou a porta-voz do ACNUR, Olga Sarrado à ONU News.
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