Sem distracções em relação à fase da ‘’caça ao voto’’, em curso há três dias, a UNITA e o MPLA projectam já a Angola do pós-eleições, com o primeiro a vaticinar riscos para o próximo governo, e o partido no poder, confiante num país alheio ao petróleo.
Unânimes, os números 1 e 4 no boletim de voto reconhecem que só uma economia robusta pode dar consistência às suas principais promessas, o salário mínimo de 500 dólares e os 500 mil empregos, respectivamente.
O risco apontado pela UNITA é, segundo o deputado Raúl Danda, candidato a vice-presidente da República, resultante da falta de transparência visível em 40 anos de governação.
Hoje, ressalta o político, não se sabe a quantas anda o país em relação às receitas petrolíferas obtidas nos últimos 15 anos.
‘’Temos de correr estes riscos, quando lá chegarmos (ao poder) teremos de encontrar soluções. O certo é que, ao contrário do que acontece com as empresas, o país não fechar, não podemos decretar falência’’, realça Danda, apontando como exemplo de um sistema financeiro ‘’sem credibilidade’’ os efeitos da corrupção.
Indiferente às contas do petróleo, um bem que ‘‘deve ser esquecido’’, o candidato do MPLA, João Lourenço, não hesita quando projecta uma Angola próspera.
Os empresários, indica o vice-presidente do partido no poder, são a chave para novos empregos.
‘’Sejam nacionais ou estrangeiros, são eles que vão produzir e dar empregos aos nossos jovens. Por isso, meus senhores, vamos acarinhá-los depois do 23 de Agosto, criando condições favoráveis’’, destaca Lourenço, sem referências à proveniência de recursos para tamanha empreitada.
Longe da disputa política, o economista Francisco Paulo, apoiado em relatórios do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica, deixa conselhos para o dia seguinte ao 23 de Agosto.
‘’Exportar chega a ser um orgulho nacional. Daí que o país tenha de apostar forte no apoio a empresas exportadoras, fora do sector petrolífero’’, sugere o académico.
Algo possível "só com governos sérios", diz o secretário da CASA-CE em Benguela, Francisco Viena, num apelo ao voto na estratégia da sua coligação.
‘’Se tivermos bons governantes, um governo capaz de canalizar as receitas daqui para o desenvolvimento económico e social. Se tivermos, acrescento, um desenvolvimento multiforme em todas as regiões de Angola’’, indica o jurista.
Secretário executivo da CASA-CE no lançamento da visita a Benguela do líder da coligação, Abel Chivukuvuku, no próximo final de semana.