A UNITA, principal partido da oposição em Angola, critica a prática do Governo em “fabricar golpes de Estado” visando mergulhar o país na instabilidade, como fez em 1977, 1993 e 2015.
Num comunicado divulgado nesta quinta-feira, 30, o Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, diz que, na sequência de uma reunião realizada ontem, o partido condena “os que na sua permanente ânsia de perpetuar-se no poder são capazes de fabricar golpes de Estado como as encenações apresentadas recentemente nos órgãos de comunicação social do Estado com desrespeito ao principio do contraditório, a presunção de inocência, com violação dos mais básicos direitos de cidadania com o objectivo de manipular as mentes e condicionar o comportamento colectivo dos membros da sociedade que se pretende plural”.
Esta reação surge depois de no sábado, 25, o Serviço de Investigação Criminal ter dito que as autoridades desmantelaram um grupo que pretendia realizar ataques terroristas em Angola durante a visita do antigo Presidente americano Joe Biden no ano passado.
Ao condenar “com veemência todos os esforços tendentes a mergulhar o nosso país na instabilidade, seja em nome de que interesse for, a UNITA afirma que esta situação recorre aos “aos velhos fantasmas de expôr e combater as lideranças da oposição usando o terrorismo do Estado”.
Na nota, o partido liderado por Adalberto Costa Júnior afirma que “o regime angolano habituou-nos à invenção de cenários de golpes de Estado” e cita os casos de "27 de Maio de 1977 que teve como consequência a morte de dezenas de milhares de cidadãos angolanos, os massacres de 1992 e a sexta-feira sangrenta de 1993, também com morte de outros milhares de angolanos, a prisão do então chefe dos serviços de informação externa, em 2007, as centenas de mortes ocorridas no Monte Sumi, contra uma seita religiosa e o conhecido caso dos “15+2” em 2015.
A UNITA também acusa o partido no poder de infiltrar agentes do Estado nas instituições visando “manipular a opinião pública com vista a eternizar a atual governação e os privilégios pessoais e de grupo decorrentes deste exercício” e saúda as “lideranças da sociedade civil, igrejas e instituições socioprofissionais e demais atores pela maturidade evidenciada na denúncia da instrumentalidade e no grosseirismo”.
Censura da imprensa e aviso sobre envio de tropas à RDC
Numa leitura da situação política atual, o Comité Permanente da Comissão Política denuncia ainda o “regime de censura instalado no seio dos órgãos de comunicação social do Estado e nos jornalistas que neles trabalham”.
A UNITA diz “exigir que as atividades realizadas pelas forças políticas na oposição e as opiniões dos seus líderes façam parte da pauta informativa”.
A situação na República Democrática do Congo também mereceu a análise daquele orgão que exortou a Organização das Nações Unidas, a União Africana e a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos a “trabalharem no sentido de restabelecer a paz naquela região conturbada, por décadas de conflitos cíclicos mal resolvidos e acudir o drama humanitário”.
Numa mensagem ao Presidente da República, João Lourenço, a UNITA adverte que “na eventualidade da necessidade de envio de um contingente das Forças Armadas Angolanas à República Democrática do Congo, o mesmo se faça no estrito respeito da Constituição da República de Angola”.
Até agora não houve qualquer reação do Governo ou do MPLA.
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