A chefe da União Europeia (UE), Ursula von der Leyen, anunciou na quinta-feira, 13, planos para injetar milhares de milhões de euros em investimentos na África do Sul, numa altura em que a Europa procura reafirmar a sua influência num país que tem estado na mira dos Estados Unidos.
O pacote de investimento mobilizará 4,7 mil milhões de euros (5 mil milhões de dólares) para a África do Sul, disse von der Leyen an Cimeira África do Sul-União Europeia com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa.
A maior parte do montante - 4,4 mil milhões de euros - será destinada ao financiamento de projectos de energia limpa, como o aproveitamento do vento e do sol, e à produção de hidrogénio limpo, afirmou a UE em comunicado.
"Concordamos em reforçar os laços económicos entre nós e resolver os desafios através de negociações. (...) Queremos consolidar a relação em áreas como a ciência e tecnologia, educação e ação climática, paz e segurança, saúde e minerais críticos e, claro, comércio", avançou Ramaphosa aos jornalistas.
“Queremos reforçar e diversificar as nossas cadeias de abastecimento. Mas queremos fazê-lo em cooperação convosco”, afirmou von der Leyen.
“Alguns países estão interessados apenas em extrair materiais do solo e exportar os lucros para outros locais. Não é esse o nosso modelo. Queremos apoiar o emprego local, o valor acrescentado local e elevados padrões ambientais e laborais”.
O investimento também irá gastar 700 milhões de euros no aumento do fabrico de vacinas na África do Sul, a economia mais industrializada do continente.
“A África do Sul quer proteger a saúde da sua população, bem como a sua autonomia e as suas indústrias locais. Nós, europeus, queremos diversificar algumas das nossas cadeias de abastecimento mais importantes. É a isto que chamo um verdadeiro interesse mútuo”, afirmou von der Leyen.
A África do Sul é o maior parceiro comercial da UE na África Subsariana, exportando bens no valor de cerca de 24 mil milhões de euros em 2023 para o bloco, principalmente minerais e automóveis.
O défice comercial está, no entanto, inclinado a favor da UE, e o comércio bilateral total ascendeu a 49,5 mil milhões de euros em 2023. O investimento direto estrangeiro da UE na África do Sul foi de cerca de 71 mil milhões de euros em 2022.
Ambas as partes estão a lidar com mudanças políticas dramáticas de Washington desde o regresso do presidente dos EUA, Donald Trump, à Casa Branca este ano.
O governo de Trump tem lançado avisos ao governo sul-africano, congelando ajuda crucial e criticando várias das suas políticas.
Entretanto, Washington impôs tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio da UE. Na quinta-feira, o Presidente Donald Trump ameaçou impôr tarifas de 200% sobre o vinho, o champanhe e outros produtos alcoólicos provenientes do bloco de 27 nações.
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