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Tribunal Supremo britânico autoriza Estado moçambicano a processar a empresa Privinvest


Patrulha de segurança passa por barcos da EMATUM na doca de Maputo.
Patrulha de segurança passa por barcos da EMATUM na doca de Maputo.

Em causa, estão empréstimos que tiveram o aval do Governo moçambicano em 2013 e 2014 para um projeto de segurança das costas do país e de desenvolvimento da indústria do atum, e do qual desapareceram centenas de milhões de dólares.

O Estado de Moçambique pode processar o construtor naval Privinvest no Reino Unido no âmbito do escândalo das “dívidas ocultas”, de acordo com uma decisão Supremo Tribunal daquele país europeu tomada nesta quarta-feira, 20, poucas semanas antes do início do julgamento do caso a 3 de outubro em Londres.

O tribunal rejeitou também suspender o processo em curso na justiça britânica sobre o caso.

A Procuradoria da República de Moçambique (PGR), em representação do Estado, recorreu à justiça contra a Privinvest, o seu proprietário Iskandar Safa, o banco Credit Suisse e outros envolvidos no caso que lesou o país.

Em causa estão empréstimos que tiveram o aval do Governo moçambicano em 2013 e 2014 para um projeto de segurança das costas do país e de desenvolvimento da indústria do atum, e do qual desapareceram centenas de milhões de dólares.

A Privinvest argumentou que, ao abrigo dos seus contratos com Moçambique, qualquer litígio entre as partes deve ser resolvido por arbitragem.

Em 2021, um Tribunal de Recurso decidiu a favor da empresa, num golpe aos esforços de Moçambique para recuperar o dinheiro que diz ter perdido.

Entretanto, o Supremo Tribunal permitiu por unanimidade o recurso de Moçambique contra essa decisão, o que significa que as reivindicações contra a Privinvest serão ouvidas num julgamento de meses que deverá começar a 3 de outubro.

A suspensão foi inicialmente solicitada pelo grupo naval Privinvest, argumentando que os contratos realizados com as empresas estatais na origem deste caso, EMATUM e MAM, são regulados pela lei suíça e deviam ser sujeitos a arbitragem.

Recorde-se que a Privinvest tinha pedido a presença do Presidente Filipe Nyusi no tribunal em Londres, mas ele foi isentado de ser ouvido, no passado dia 4, pelo Supremo Tribunal devido à sua imunidade como Chefe de Estado.

Ele era acusado de ter recebido pagamentos ilegais pela Privinvest.

O escândalo das "dívidas ocultas" foi despoletado em Abril de 2015 quando o então ministro das Finanças, Adriano Maleiane, revelou que empréstimos num valor que depois veio a revelar-se rondar os dois mil milhões de dólares não foram investidos no projeto que teve o aval do Estado.

A justiça moçambicana julgou e condenou 19 envolvidos no processo enquanto o então ministro das Finanças, Manuel Chang, foi detido na África do Sul e deportado para os Estados Unidos onde deve ser julgado no próximo ano.

C/Reuters

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