O afro-americano George Floyd, cuja morte desencadeou uma onda de protestos contra o racismo e a violência policial, disse que não conseguia respirar mais de 20 vezes antes de morrer sob custódia da polícia em Mineápolis, revelou a transcrição da conversa gravada por uma câmara presa à farda de Thomas Lane, um dos quatro polícias envolvidos no assassinato.
Ao ser detido, Floyd implorou para não ser colocado na viatura da polícia, afirmando ser claustrofóbico e quando os polícias tentaram colocá-lo no veículo à força, Floyd, algemado, gritou que não conseguira respirar e que iria morrer.
Depois, segundo a transcrição, ele disse: "Amo-te, mãe. Diga aos meus filhos que os amo. Estou morto”.
Ele chamou pela mãe e pelos filhos várias vezes.
Durante os minutos em que ficou detido e em que disse que não conseguia respirar por mais de 20 vezes, os polícias disseram "relaxe", "respire fundo", "você está bem, está a falar bem".
A certa altura, enquanto Floyd insistia que os polícias o matariam, o agente Derek Chauvin, que ajoelhou sobre o pescoço do detido, gritou: "Então pare de falar, pare de gritar. É preciso muito oxigénio para falar."
A gravação indica que, num momento, Lane questionou Chauvin, principal responsável pela morte, se deveriam virar Floyd de lado, e o polícia respondeu que não, tendo, no entanto, Lane insistido estar preocupado com o estado de saúde de Floyd, já que ele parecia estar sob o efeito de alguma substância.
"É por isso que vem uma ambulância", respondeu Chauvin, que não removeu o joelho do pescoço de Floyd até que um paramédico lhe pediu para fazê-lo.
De acordo com a transcrição, as últimas palavras de Floyd foram: "Eles vão me matar. Eles vão me matar. Não consigo respirar."
George Floyd foi detido por supostamente ter tentado usar uma nota de 20 dólares falsa.
Enquanto Derek Chauvin pressionava o joelho contra o pescoço de Floyd, outros dois agentes o seguravam contra o chão e o quarto polícia vigiava a ação.
Os quatro agentes envolvidos foram demitidos no dia seguinte à morte de Floyd.
Derek Chauvin foi acusado de homicídio de segundo e terceiro graus, enquanto Lane e os outros dois polícas, Tou Thao e Alexander Kueng, foram acusados de cumplicidade durante assassinato.
Se condenados, eles podem receber uma pena de até 40 anos de prisão.
Por agora, apenas Chauvin continua detido, tendo os demais três pago uma fiança de 750 mil dólares para aguardar o julgamento em liberdade.
O assassinato de Floyd gerou manifestações durante semanas nos Estados Unidos contra o racismo e a brutalidade policial, bem como em vários países.