A pretensa criação de bases em Moçambique por militantes tanzanianos, denunciada pelo inspector-geral da polícia daquele país vizinho, Simon Sirro, está a provocar um clima de medo no distrito de Palma, na província de Cabo Delgado, alvo de ataques de insurgentes até agora sem rosto, disseram hoje residentes à VOA.
Desde o anúncio na sexta-feira, 19, da detenção de 104 militantes tanzanianos que, alegadamente, pretendiam atravessar a fronteira para estabelecer uma base armada em Moçambique, vários moradores de Palma consideraram a situação de “ameaçadora”.
“De facto foi encontrado um grupo de pessoas 150 que queriam atravessar a fronteira, na zona de Chicongo (Tanzânia), junto ao rio Rovuma (que divide Moçambique e Tanzania)”, disse â VOA um morador de Palma, em anonimato, receando represálias, sustentando que o assunto tornou-se viral no distrito.
Apesar do receio da evolução dos confrontos na região, dadas às revelações da polícia tanzaniana, continuou a mesma fonte, o distrito de Palma, o mais próximo da fronteira terrestre com aquele país, não tem assistido a um movimento descomunal.
“Não há até então um cenário na vila de Palma que chame atenção (de movimentos massivos)” disse a VOA outro morador de Palma.
A imprensa moçambicana, incluindo a Agencia de Informação de Moçambique, fez réplica hoje das revelações da polícia tanzaniana, mas no seu habitual “breafing” das terças-feiras, a Policia da República de Moçambique (PRM) não fez referência ao pronunciamento da sua congénere tanzania.
O porta-voz Inácio Dina, destacou, entre outros, a detenção de dois cidadãos estrangeiros, de nacionalidade chinesa e vietnamita, nos aeroportos da Beira e Maputo, que foram encontrados com cornos de elefantes.
Recorde-se que há cerca de três semanas, o tribunal de Pemba deu início ao julgamento de 189 acusados de integrarem os grupos que atacaram diversos distritos de Cabo Delgado.
Entre elas há estrangeiros, sendo muitos tanzanianas.