O preço do barril de petróleo subiu para níveis nunca atingidos neste ano de 2023 atingido os 90 dólares o barril com uma empresa de investimentos, a Goldman Sachs, a prever os 100 dólares o barril.
Para Angola, isto significa que os rendimentos de petróleo irão aumentar cerca de 33% em relação ao preço de 75 dólares, que serviu de referência ao Governo para elaborar o Orçamento Geral do Estado, garantindo uma maior margem de segurança, numa altura em que as previsões apontam para um crescimento anémico da economia.
Mas analistas económicos avisam que há o perigo destes novos rendimentos serem usados em gastos supérfluos e que este aumento de preços pode não ser de longa duração.
Damião Cabulo aconselha o Executivo a se abster de grandes gastos e a ter em atenção duas medidas.
"Não é para farras, inventar, aumentar os apetites, isto é o que acontece, quando aumenta o preço do barril de petróleo vão criando vários desejos comprar carros e outros luxos, quando neste período é que se deve avaliar a qualidade da despesa”, lembra Cabulo.
"Isto mede-se em saber que problemas é que isto pode resolver e o seu efeito sobre a vida da população", acrescentou aquele economista para quem "o que se aconselha é usar o superavit criado com essa subida do preço do barril de petróleo para criar reservas de segurança ou para dar vida aos projectos que depois podem impactar directamente nas reservas fiscais".
O consultor económico Galvão Branco considera, que apesar de pouco sustentável, ainda assim o aumento tem benefícios enormes para a economia de Angola.
"Melhora a receita fiscal e com isso não se emitem dívidas, utiliza-se estes recursos para fazer face as despesas do orçamento, fundamentalmente as despesas que têm a ver com pessoal e com bens de capital, ha mais capacidade de se gerir a política monetária e portanto controlar melhor a inflação”, aponta Branco, para quem esse período pode passar num ápice.
"É completamente volátil e previsível e não é sustentável, é uma questão que não é estruturante mas é útil e bastante eficaz para o caso de Angola", acrescenta.
Angola com problemas de produção
Este aumento do preço do petróleo seria uma ótima oportunidade para Angola capitalizar ao máximo na sua produção mas dados indicam que a produção está aquém do autorizado pela Organização do Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Na sua reunião em junho em Viena, a OPEP fez notar a necessidade dos países africanos aumentarem a sua produção até ao final do ano e no próximo ano porque esses países não têm estado a cumprir as quotas que lhes foram dadas no ano passado.
Por essa razão, tiveram que aceitar quotas ainda mais baixas este ano e isso pode ser repetido no próximo ano se não houver um aumento da produção petrolífera.
A quota de Angola foi reduzida, em 175 mil barris por dia, para um milhão e 280 mil barris por dia.
No máximo e na melhor das hipóteses esses estudos indicam que Angola deverá produzir 1,1 milhões de barris por dia.
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