A economia angolana deve crescer menos do que previsto, de 3,5% para 0,9% em 2023, de acordo com a estimativa feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgada nesta terça-feira, 5, em Washington.
Esta acentuada queda na previsão, segundo o Conselho Executivo do FMI, deve-se à queda da produção de petróleo.
A instituição, no entanto, alerta que Angola tem capacidade para pagar os empréstimos feitos.
“Reformas bem-sucedidas, aliadas a preços de petróleo estáveis, apoiaram a recuperação económica de Angola em 2020-2021, no entanto, entre 2021 e 2022, o declínio da produção de petróleo levou a desafios significativos para a economia”, diz o FMI, destacando que no final de 2022 e no primeiro semestre de 2023, o setor petrolífero enfraqueceu devido à extensão das operações de manutenção temporária.
“Com as descidas dos preços do petróleo e da produção no primeiro semestre de 2023, as exportações e receitas petrolíferas diminuíram, resultando numa debilidade maior nos setores fiscal e externo e numa depreciação significativa da taxa de câmbio nominal em junho de 2023”, continua a nota daquela instituição.
Neste quadro, após a forte depreciação da taxa de câmbio nominal e a parcial remoção dos subsídios aos combustíveis, “a inflação aumentou em Junho, para 11,3 por cento (de 10,6 por cento)”, tendo o Banco Nacional de Angola restringido então as condições de liquidez.
O recuo do setor petrolífero é justificado com as operações de manutenção temporária que se prolongaram entre finais de 2022 e o primeiro semestre deste ano.
Desaceleração
Por isso, diz o FMI, “espera-se que o crescimento desacelere para 0,9 por cento em 2023, devido a uma estimativa fraca da produção de petróleo), antes de estabilizar em torno de 3,4 por cento no médio prazo, auxiliado pela agenda de reforma estrutural e diversificação das autoridades”.
O alerta é dado para o aumento da inflação que deverá subir temporariamente em 2023/24 devido ao aumento dos preços da energia relacionados com a reforma dos subsídios aos combustíveis.
Apesar das perspectivas fiscais de curto prazo terem piorado desde a anterior análise, o FMI estima que as autoridades angolanas “devem alcançar as suas metas fiscais de médio prazo abaixo da linha de base com uma implementação completa da reforma dos seus subsídios”.
Entretanto, “os riscos descendentes para as perspectivas incluem uma descida maior do que a esperada nos preços mundiais do petróleo, fraca produção de petróleo e falha na implementação integral do plano de combustível planeado na reforma dos subsídios em 2024.
O Conselho Executivo do FMI conclui que “a recuperação económica de Angola no curto prazo continua dependente do setor petrolífero e em grande parte da materialização dos planos de diversificação no médio prazo”.
A instituição financeira recomenda o Governo a atuar rapidamente para reverter a "grande derrapagem fiscal de 2022", implementando a reforma dos combustíveis e adotando medidas de política fiscal para mobilizar receitas não petrolíferas, bem como aprofundando a agenda fiscal estrutural.
Em jeito de recomendação, o FMI reitera que o Governo deve também adotar medidas de política fiscal para mobilizar receitas internas não petrolíferas e realizar mais progressos na agenda estrutural orçamental, incluindo a gestão das finanças e do investimento público.
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