Quatro meses após as fortes chuvas que destruíram casas, pontes, campos agrícolas e o único centro de tratamento de água do distrito de Lembá, ao norte da ilha de São Tomé, os moradores continuam entregues à sua sorte.
O presidente da autarquia revela que o Governo continua de mãos atadas à espera da ajuda da comunidade internacional.
Enquanto isto perto de uma dezena de pontes continuam praticamente intransitáveis, cerca de 18 mil pessoas consomem água do rio sem qualquer tratamento e dezenas de sinistrados aguardam pela ajuda das autoridades para erguer casas e recuperar campos agrícolas.
Audilia Cardoso é mãe de cinco filhos e a sua casa ficou parcialmente destruída na sequência das enxurradas de 28 de Dezembro do ano passado.
“Quando chove não consigo dormir com medo para o resto da casa não desabar”, lamenta Audilia Cardoso .
Outro sinistrado, Odair Silva, que perdeu a casa e a esperança de encontrar os restos mortais da sua filha de 18 meses arrastada pela força das águas, vive há quatro meses, com a mulher e outro filho, num pequeno espaço da casa do seu pai.
“Estamos aqui à espera que o Governo ou a Câmara resolva o nosso problema”, afirma.
Carlos Nascimento também perdeu parte da sua casa e conta que no dia 4 de Março voltou a ser vítima de novas inundações.
“Tive que abrigar-me no refeitório da escola, mas no dia seguinte foram lá me tirar. A nossa comissão de sinistrados já fez várias cartas para as autoridades, mas continuamos nesta situação”, conta este sinistrado da localidade de Ponte Samú, perto de Santa Catarina.
O presidente da Câmara de Lembá, Albertino Barros, alega falta de terrenos em áreas seguras para reconstruir as casas de quem está praticamente sem tecto.
“Já levamos esta questão ao Ministério das Obras Públicas, mas ainda não temos resposta”, afirma o presidente da autarquia que revelou que o Governo continua de mãos atadas à espera da ajuda financeira dos parceiros internacionais.
Albertino Barros fez saber ainda que além das pontes e do sistema de tratamento de água destruídos pelas enxurradas, chuvas fortes continuam a cair e já destruíram outras infra-estruturas em Lemba.
"A escola básica de Neves, o edifício do tribunal e o centro de saúde estão bastante danificados devido as últimas chuvas que caíram aqui no distrito", revela o Presidente da Câmara de Lemba.