A segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, enfrenta um aumento de bombardeamentos russos nesta terça-feira, 1, ao mesmo tempo que uma coluna de forças de Moscovo estende-se ao longo de uma estrada a norte da capital , Kyiv, no sexto dia da invasão russa.
O Ministério da Defesa russo alertou que vai atacar alvos na capital e pediu que cidadãos abandonem certas áreas.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia compartilhou um vídeo de um ataque ao prédio da Administração Estatal Regional de Kharkiv, no centro da cidade, que deixou uma enorme bola de fogo e muita fumaça, enquanto vários carros passavam na rua.
“O ataque contra Kharkiv é um crime de guerra”, disse o Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy em vídeo, acrescentando que “isto é terrorismo de Estado por parte da Rússia”.
Um funcionário dos serviços de emergência disse que o ataque matou pelo menos seis pessoas e feriu outras 20.
Ataque contra Kyiv
Entretanto, na manhã de hoje, o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia pediu aos moradores que abandonem as áreas na capital, Kyiv, onde se encontram o Serviço de Segurança e a Unidade de Operações Psicológicos porque os edifícios “serão atingidos com armas de alta precisão".
"Pedimos aos moradores de Kiev que vivem perto que deixem as suas casas", afirmou Igor Konashenkov, acrescentando que o ataque visa “suprimir os ataques de informação à Rússia”.
UE fala em "terrorismo geopolítico" e futuro "em jogo"
O chefe de Política Externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse hoje que o bombardeamento russo contra infraestruturas civis em Kharkiv “viola as leis da guerra”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, rejeitou as alegações de crimes de guerra e disse a repórteres que “as tropas russas não realizam nenhum ataque contra infraestrutura civil e áreas residenciais”.
No Parlamento Europeu, que reuniu-se para analisar o pedido de adesão da Ucrânia à UE, os líderes do bloco acusaram a Rússia de "terrorismo geopolítico" e alertaram que não é apenas o destino de Kyiv, que está em causa, mas o da Europa também "está em jogo".
Num discurso em vídeo enviado ao Parlmento, o Presidente ucraniano expressou gratidão pelas medidas sem precedentes que Bruxelas implantou contra a Rússia e em apoio às suas forças armadas, incluindo o financiamento de entregas de armas.
"Sem vocês, a Ucrânia ficará sozinha. Provamos a nossa força. Provamos que, no mínimo, somos exactamente iguais a vocês", disse Volodymyr Zelenskyy, e desafiou os líderes europeus: "Provem que estão conosco, provem que não nos deixarão ir."
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, expressaram total apoio à Ucrânia.
"Putin destruiu a paz"
Na Polónia, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que a aliança responsabilizará a Rússia e a Bielorrússia pelo que está a acontecer na Ucrânia.
“O Presidente Putin destruiu a paz na Europa. Aliados condenam a invasão injusta e brutal da Ucrânia. O ataque russo é totalmente inaceitável e é permitido pela Bielorrússia”, disse Stoltenberg, reiterando que a NATO não enviará tropas para lutar na Ucrânia, nem patrulhará o espaço aéreo ucraniano, enquanto pede à Rússia que imediatamente “pare a guerra” e retire as suas forças.
Também nesta terça-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) revelou que mais de 660 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças, fugiram da Ucrânia para países vizinhos desde o início da invasão russa na quinta-feira, 24.
O escritório dos direitos humanos da ONU relatou pelo menos 136 mortes de civis.