O Presidente angolano responsabilizou os Estados Unidos pela instabilidade no Médio Oriente, Ásia e África no discurso sobre o estado da Nação apresentado nesta segunda-feira, 17, na Assembleia Nacional, em Luanda.
"Utilizando a força, os Estados Unidos levaram a cabo intervenções em várias partes do mundo para impor os seus valores políticos, com resultados adversos. Acabaram assim por gerar mais instabilidade no Médio Oriente, na Ásia e em África, onde não conseguiram nem impor a paz, nem desencorajar os movimentos terroristas", disse José Eduardo dos Santos, que apontou o dedo aos dois últimos presidentes americanos George W. Bush e Barack Obama.
"Cada um com a sua especificidade e com o beneplácito dos seus aliados", acusou Santos que questionou ainda o rumo da política externa americana após a eleição do próximo Presidente.
“Qual será a reacção da Rússia e de outras potências de desenvolvimento médio? Um mundo mais seguro só pode ser arquitectado na base do diálogo e do entendimento desses dois grupos, e de uma neutralidade mais activa da parte das Nações Unidas", sublinhou.
Na sua intervenção de 30 minutos, José Eduardo dos Santos dedicou algum tempo à economia e à recuperação do país depois da guerra, tendo dito que não se podia construir sem desminar Angola.
Santos voltou a destacar os ganhos da paz e considerou que Angola está a lidar com a crise económica melhor que outros países.
Para sustentar esta afirmação, apresentou, como exemplo, a baixa progressiva dos preços dos bens essenciais, da inflação e das taxas de juros.
Democracia irreversível e eleições transparentes
“A democracia no nosso país é irreversível”, garantiu o Presidente angolano na conclusão do seu discurso sobre o estado da Nação, no qual fez um apelo para que as eleições de 2017 decorram com lisura e transparência.
"Que cada um, com o seu voto, faça livremente a escolha dos dirigentes que entendem que devem continuar a governar o país, e que não só o Estado mas também os partidos políticos, a sociedade civil, as igrejas e todos os cidadãos assumam com responsabilidade o seu papel, para que o processo seja realmente democrático, livre e decorra com normalidade e de modo exemplar", sublinhou Santos, sem dar detalhes se assumirá a Presidência caso o MPLA vença as eleições.
O Chefe de Estado angolano lembrou que alguns processos eleitorais em África estão a ser "convertidos" em "viveiros de instabilidade", seja "através da contestação directa dos seus resultados, quer através da tentativa de alteração da ordem constitucional", com "consequências imprevisíveis".