A Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, diz haver dissonâncias no seio do Governo relativamente à insurgência em Cabo Delgado, que se traduzem na falta de resultados consistentes no combate a este fenómeno.
Esse comentário surge depois de, há uma semana, o Presidente, Filipe Nyusi, e o ministro da Defesa, Cristóvão Chume, terem feito declarações algo contraditórias sobre o jihadismo.
Filipe Nyusi denunciou a existência de proprietários de postos de abastecimento de combustível na província de Sofala, no centro de Moçambique, que usam o negócio para lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo em Cabo Delgado.
O porta-voz da Renamo, José Manteigas, diz que nos últimos dias temos sido bombardeados por informações muito controversas e contraditórias vindas do mesmo Governo.
Ele refere que "o ministro da Defesa veio a público dizer que ainda não são conhecidas as causas, as fontes de financiamento nem os rostos dos terroristas, mas, curiosamente, o Presidente da República afirmou que as bombas de combustíveis podem ser uma fonte de financiamento aos terroristas".
Para aquele responsável partidário, "o Presidente Filipe Nyusi, sendo o mais alto magistrado da nação, não pode aparecer com lamentações como cidadão comum, ele deve trazer informações consistentes e até com soluções".
José Manteigas diz haver muitas fragilidades no seio das Forças de Defesa e Segurança, particularmente ao nível dos Serviços de Informação e Segurança do Estado, realçando que desde 2017, "não estamos a ver nenhuma acção de prevenção do terrorismo em Moçambique".
O porta-voz da Renamo acrescenta que o seu partido está perplexo quando o Chefe de Estado "faz esta abordagem genérica sobre um problema tão bicudo como é o terrorismo, porque era expectável que ele, em tanto que comandante chefe das forças de defesa e segurança, as instruisse a trazer resultados concretos.
"Há dissonâncias no Governo e nós estamos preocupados com isso", conclui o porta-voz da Renamo.