Quatro organizações angolanas pediram às autoridades judiciais portuguesas e angolanas para explicarem porque é que os bens de Isabel dos Santos que foram congelados ainda não foram devolvidos a Angola.
As organizações Mão Livres, Omunga, Pro Bono Angola e Uyele enviaram a carta ao Procurador Geral de Angola, Helder Pitta Gróz, e à sua homóloga portuguesa, Lucília Gago, expressando a sua “preocupação” por noticias de que as autoridades portuguesas e angolanas continuam a não chegar a acordo no que diz respeito à devolução dos bens confiscados a Isabel dos Santos na sequência do escândalo “Luanda Leaks”.
As organizações disseram que Isabel dos Santos pode já ter “desviado uma grande parte desses fundos para paraísos fiscais” ou para o Dubai, onde reside.
A notícia do envio da carta foi dada em primeira mão pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.
Documentos divulgados no chamado “Luanda Leaks” revelaram como Isabel dos Santos enriqueceu através de negócios em diversos ramos de atividade, fazendo, alegadamente, uso de fundos do estado angolano.
Tribunais em Portugal, Angola e Inglaterra ordenaram, desde então, o congelamento de bens de Isabel dos Santos que tem, repetidamente, negado qualquer ilegalidade no seus negócios.
As quatro organizações angolanas interrogam também porque é que não foi devolvido a Angola o valor do investimento de Isabel dos Santos na companhia portuguesa Efacec, que foi nacionalizada por Portugal, e onde a empresária angolana detinha a maioria das ações.
A carta inclui ainda interrogações sobre a aquisição da companhia portuguesa EuroBic pelo banco espanhol ABANCA, já que Isabel dos Santos detinha 42,5% dessa companhia.
As quatro organizações angolanas querem saber quanto é que Isabel dos Santos recebeu pela venda da companhia e qual a quantia que cabe ao governo angolano.
A Mãos Livres, Omunga Pro Bono Angola e Uyele ter conhecimento se há qualquer investigação ao papel de companhias portuguesas em facilitar o alegado branqueamento de capitais levado a cabo através da EuroBic e pedem ainda a divulgação publica de todas as informações relacionadas com os bens de cidadãos angolanos congelados e confiscados em Portugal e ainda a lista daqueles bens que foram devolvidos.
Não houve até agora qualquer reação por parte das procuradorias de Portugal e Angola.
De recordar que no início deste ano as autoridades angolanas acusaram formalmente Isabel dos Santos de vários crimes de fraude, o que dos Santos nega.
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