A forma como o poder político está organizado impede que a voz da sociedade civil seja perfeitamente ouvida em Moçambique em assunto sensíveis que incluem a criminalidade, disse à VOA o historiador Egídio Vaz.
“Se nós tivéssemos instituições de Estado fortes – semelhantes as da África do Sul – o jornalismo e as organizações da sociedade civil teriam nelas um aliado forte, porque dariam coerência e consequência às reclamações, criticas e vozes dos cidadãos”.
Vaz diz que “perante a partidarização das instituições e subjugação ao partido no poder (Frelimo) fica mais difícil que as vozes da sociedade civil sejam ouvidas de forma consequente.”
Por outro lado, Vaz critica as organizações da sociedade civil por funcionarem como um aparelho estatal alternativo que prestam serviços em áreas especializadas – algumas delas importantes como a saúde e educação - ficando prejudicada a promoção da cidadania e repúdio à criminalidade e outras violações.
Essa situação deriva do facto de muitas organizações terem planos e orçamentos aprovados pelos respectivos doadores, que não deixam margem para actividades de mobilização pública alinhada à actualidade.
“A consciência (das organizações) fica sucumbida à mercê da lógica da monetarização”.
Além disso, continua Vaz, algumas “organizações são de baixa informação e acríticas”.
No meio deste cenário, Vaz exclui algumas organizações como a Liga dos Direitos Humanos, DHD - Direitos Humanos e Desenvolvimento e o Parlamento Juvenil que têm denunciado situações de violação de direitos humanos.
Quanto às religiosas, Vaz diz que de “tempos em tempos pronunciam-se de forma lata”.
Outras vozes apontam a questão de intimidação como uma das razões para o silêncio das organizações da sociedade civil.
Vaz minimiza. “Existe uma ténue intimidação (…) mas a principal questão é a falta de competição política”.
Não sendo a oposição suficiente para encorajar consensos suprapartidários, conclui Vaz, o partido no poder, simplesmente ignora as outras vozes.