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PAM suspende ajuda alimentar no campo de refugiados do Sudão, afetado pela fome


Campo de deslocados de Zamzam. Fotografia de arquivo
Campo de deslocados de Zamzam. Fotografia de arquivo

O Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas declarou na quarta-feira, 26, que foi forçado a suspender as operações no campo de deslocados de Zamzam, atingido pela fome, no Darfur do Norte do Sudão, devido à escalada da violência.

“Os intensos combates no campo de Zamzam, na região do Darfur Norte do Sudão, forçaram” a agência sediada em Roma "a suspender temporariamente a distribuição de alimentos que salvam vidas e a assistência nutricional no campo de deslocados atingidos pela fome".

“Durante as duas últimas semanas, a escalada da violência deixou os parceiros do PAM sem outra alternativa que não fosse a evacuação do pessoal por razões de segurança”, declarou a agência num comunicado.

Os combates entre o exército e as forças paramilitares de apoio rápido (RSF) intensificaram-se este mês no campo, que, segundo as Nações Unidas, alberga mais de meio milhão de pessoas.

“Sem assistência imediata, milhares de famílias desesperadas em Zamzam poderão morrer de fome nas próximas semanas”, afirmou Laurent Bukera, diretor regional do PAM para a África Oriental e diretor nacional interino para o Sudão.

“Temos de retomar a distribuição da ajuda que salva vidas em Zamzam e arredores, de forma segura, rápida e em grande escala. Para isso, os combates têm de parar e as organizações humanitárias têm de ter garantias de segurança”, afirmou Bukera.

A RSF invadiu Zamzam a 11 de fevereiro, desencadeando dois dias de confrontos com o exército e as milícias aliadas e obrigando cerca de 10.000 famílias a fugir, segundo a Organização Internacional para as Migrações.

“Os recentes actos de violência deixaram o mercado central de Zamzam destruído por bombardeamentos, impedindo os residentes do campo - estimados em cerca de 500.000 pessoas - de aceder a alimentos e abastecimentos essenciais”, refere o comunicado do PAM.

A fome foi declarada pela primeira vez em Zamzam em agosto e, desde então, alastrou a mais dois campos de deslocados perto de El-Fasher, a capital do Darfur do Norte.

Prevê-se que se estenda a mais cinco áreas, incluindo a própria El-Fasher, até maio, de acordo com uma avaliação apoiada pela ONU.

Antes dos últimos actos de violência, cerca de 1,7 milhões de pessoas estavam deslocadas só no Darfur Norte, com dois milhões de civis a enfrentar uma insegurança alimentar extrema, segundo as Nações Unidas.

Criada em 2004, Zamzam tem recebido vagas de sudaneses deslocados durante a atual guerra.

De acordo com o PAM, 24,6 milhões de pessoas no Sudão encontram-se em situação de insegurança alimentar aguda e há mais de 11 milhões de pessoas deslocadas. É a pior crise de deslocados do mundo, segundo o PAM.

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