O Presidente de Angola, João Lourenço, assumiu neste sábado, 15, em Adis Abeba, a Presidência rotativa da União Africana (UA) e prometeu trabalhar ao serviço da paz e segurança no continente.
Lourenço abordou ainda o tema das reparações e a importância do investimento estrangeiro no continente.
O líder angolano alertou que os "imensos problemas ligados à paz e segurança"em África "constituem um fator de bloqueio" ao desenvolvimento do continente. Perante um cenário de vários conflitos regionais, com o Sudão e a República Democrática do Congo no topo das preocupações, Lourenço assegurar trabalhar para encontrar soluções para a paz.
É ainda objetivo central do Presidente implementar políticas económicas e sociais que abram portas para o progresso africano. Como havia já indicado, é meta de João Lourenço criar "um vasto plano de atração de investimentos e de captação de recursos financeiros significativos" provenientes de fora do continente e aumentar o investimento nas infraestruras, um trabalho que pretende realizar em conjunto com a comissão da UA.
Para além do investimento estrangeiro, Lourenço quer também aumentar a quotização de cada Estado Membro da UA, a fim de reduzir a dependência dos país africanos de outros países.
Segundo Lourenço esse investimento é crucial para assegurar que os intentos da UA sejam cumpridos, nomeadamente, a superação da pobreza, fome e desemprego "reduzindo assim a probabilidade de conflitos armados e de emigrantes ilegais junto das suas fronteiras".
"Destaco o contributo que Angola poderá prestar ao desenvolvimento de África, colocando ao dispor o excedente energético que tem, para a mitigação das necessidades de vários países neste domínio", afirmou. É a primeira vez que Angola assume a presidência da organização de estados africanos, no mesmo ano em que o país comemora 50 anos de independência.
Na 38.ª cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da UA, Lourenço recordou ainda a relevância que o Corredor do Lobito e os Caminhos de Ferro tanzanianos TAZARA, podem ter no comércio intra-africano e internacional.
Como anunciado anteriormente, o líder angolano coloca a justiça para os africanos e os afrodescendentes por meio de reparações como uma das suas metas.
"Temas como a justiça fiscal, o alívio da dívida, o financiamento climático, as reformas nas instituições financeiras globais e a inclusão social, devem merecer a nossa atenção para que seja adotada uma posição comum que garanta ao continente o reforço da sua influência na governação financeira global, uma redução dos custos do endividamento e o acesso aos recursos necessários para alcançar um desenvolvimento sustentável", declarou.
Ao tomar posse da presidência rotativa da União Africana, o Presidente de Angola termina o seu papel como mediador designado pela União Africana no conflito que opõe a RDC ao Ruanda, indicou numa recente entrevista à Jeune Afrique.
"Até Fevereiro de 2026, o estadista angolano dirigirá a mais representativa e prestigiada organização político-diplomática de África", afirmou a Presidência da República de Angola, na sua página da rede social Facebook.
O Presidente João Lourenço recebeu o martelo que simboliza o exercício do poder continental das mãos do seu antecessor, o Chefe de Estado da Mauritânia, Mohamed Ould Cheik El Ghazouani, em Adis Abeba.
Mahmoud Ali Youssouf eleito presidente da comissão
Os líderes africanos escolheram o ministro dos Negócios Estrangeiros do Djibuti, Mahmoud Ali Youssouf, para presidir à comissão da União Africana numa cimeira dominada pelo receio de que a guerra no Congo se transforme num conflito regional, disse o ministro das Finanças do país.
Numa publicação na plataforma X, o ministro da Economia e das Finanças do Djibuti, Ilyas Dawaleh, afirmou que Youssouf tinha “ganho” a eleição.
Youssouf é Ministro dos Negócios Estrangeiros desde 2005. Anteriormente, foi embaixador do Djibuti no Egito e foi ministro dos Negócios Estrangeiros nos governos de três presidentes.
A presidência da comissão executiva do organismo é o cargo mais importante da UA.
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