O partido maioritário da Guiné-Bissau, PAIGC, suspeita que o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, António Indjai, seja o líder do golpe militar deste mês, mas pretende que a questão seja esclarecida publicamente.
Numa entrevista à Voz da América (VOA), o dirigente daquele partido, Fernando Mendonça disse que "o PAIGC não tem informações de que o general Indjai esteja detido. Aliás, o comunicado que criava o Conselho Nacional de Transição dizia que as actuais chefia militares mantinham-se. Ora, se as actuais chefias militares mantêm-se então o chefe das actuais chefias militares é o general António Indjai".
Instado pela VOA a dizer se é esse facto que leva o partido a pensar que Indjai está relacionado com o golpe, Mendonça referiu que o PAIGC "não quer entrar em campos de especulação. Nós queremos, e a sociedade guineense merece, saber qual é o líder do golpe".
O partido que se encontrava no poder na altuira do golpe militar rejeita participar em qualquer diálogo interno para resolver a crise, enquanto não se souber quem é o líder dos golpistas. António Indjai ainda não foi visto nem ouvido em público, desde o golpe da noite de 12 de Abril.
A acção foi assumida por um "Comando Militar" que tem como porta-voz o tenente-coronel Daba Na Walna, que para além de militar jurista com o grau de mestre pela Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa.
Fernando Mendonça rejeita, por outro lado, alegações de que o PAIGC esteja a preparar, ou envolvido em, qualquer contra-golpe. O secretário de Estado, do governo deposto, com a pasta dos antigos combatentes, general Fodé Cassamá, for preso sexta-feira junto à fronteira com o Senegal devido ao que fontes militares descreveram como suspeitas de alegado envolvimento num contra-golpe.
"Sinceramente, dá vontade, apesar das dificuldades neste momento, de rir", disse Fernando Mendonça insistindo que o PAIGC "está a defender os valores da constuituição, da via legal e não violenta" e afirma não saber as razões por que o general Cassamá foi detido.
"O PAIGC não está por trás de nenhumas manobras ou tentatiovas de, por via da força, resolver isto. Não é este o caminho do PAIGC; o caminho é o caminho do diálogo" tendo condições a libertação dos membros do governo, o regresso à ordem constitucional e a conclusão do processo eleitoral, declarou Mendonça.
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