Alguns analistas dizem que a indicação do general Ossufo Momade para coordenar, interinamente, as actividades da Renamo não surpreende, tendo em conta que, após a morte de Afonso Dhlakama, se aventava a ideia de que a proposta dos nomes poderia vir do lado militar ou do lado civil do Partido.
Neste caso concreto vingou a primeira hipótese, uma vez o general Momade faz parte da ala militar, tendo sido preteridos nomes que eram mais badalados nalguns círculos de opinião, nomeadamente, de Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar e Manuel Bissopo, secretário-geral da Renamo.
Ossufo Momade, antigo secretário-geral da Renamo e ex-deputado da Assembleia da República, desempenha actualmente as funcões de chefe do departamento de Defesa e Segurança da Renamo, e é tido, segundo o analista Calton Cadeado, como uma figura de pouco discurso, mas de muita acção.
Cadeado realça que não era expectável que Ivone Soares fosse escolhida para liderar a Renamo, pelo menos nesta fase, porque o seu capital político não se compara com o de Ossufo Momade, que tem também a vantagem de ser general, representando por isso, a ala mais forte da Renamo.
"Homem de diálogo"
Em alguns círculos restritos da Renamo afirma-se que Ossufo Momade era uma figura muito próxima do líder da Renamo, admitindo-se, inclusive, a ideia de que a sua indicação para dirigir do Partido tenha sido sugerida por Afonso Dhlakama.
O analista Fernando Mbanze, diz que Ossufo Momade "vai conciliar as duas alas da Renamo, a militar e a política, tem quase o mesmo pensamento que o de Afonso Dhlakama, é homem de diálogo", e isso deve-se, fundamentalmente, ao facto de ele ter privado, vezes sem conta, com o líder da Renamo.
"Neste momento, a Renamo precisa de um líder como Ossufo Momade, uma pessoa que tenha capital político, um indivíduo cuja voz possa ser ouvida pelos comandantes e guerrilheiros da Renamo", destacou aquele analista.
Imposição da ala militar
Por seu turno, o analista Francisco Matsinhe sublinha que, tendo em conta a desconfiança da Renamo em relação ao Governo, o General Ossufo Momade, tido como um grande estratega militar, foi escolhido para fazer com que o diálogo político não pare com a morte de Afonso Dhlakama, que recorria às armas quando as coisas ficassem emperradas.
"Para além disso, destacou, a eleição de Ossufo Momade significa que a ala militar, de que ele faz parte, se impôs na discussão sobre a sucessão de Afonso Dhlakama.
Ossufo Momade, 57 anos, natural da Ilha de Moçambique, província de Nampula, foi comissário político e militar das forças armadas moçambicanas, e a sua filiação à Renamo, seguiu-se ao seu rapto por guerrilheiros comandados por Afonso Dhlakama.