O mediático julgamento de 19 arguidos acusados de envolvimento no caso das “dívidas ocultas” colocou a justiça no centro do debate em Moçambique.
Além da discussão em torno de uma maior independência ou não dos tribunais, emerge a pergunta sobre os “casos esquecidos”, em que a justiça não se fez ainda.
A 11 de Agosto de 2001, era assassinado em Maputo António SibaSiba Macuácua, um renomado economista, que acabava de receber a missão de rastrear um desfalque milionário que provocou a falência do então Banco Austral.
Muita tinta rolou, o tempo passou e, em 2011, uma década depois, analistas já perdiam esperança no caso.
Vinte e um anos depois confirmam- se os receios e o caso é apenas uma lembrança nas páginas da história.
Como o caso Macúacua, há outros casos também mediáticos.
Do académico Gilles Cistac, do músico Pedro Langa, do activista social Anastácio Matavel, do jornalista Paulo Machava, do então membro do Conselho de Estado, Jeremias Pondeca, do juiz Dinis Sílica, do Procurador Marcelino Vilanculos, a lista de personalidades assassinadas em circunstâncias consideradas estranhas é enorme.
Em muitos destes casos, os autores continuam invisíveis e sempre que questionadas, a resposta das autoridades responsáveis pelas investigações é quase a mesma: ainda estamos a investigar.
A nova ministra do Interior, Arsénia Massingue, reconhece a sede de respostas por parte da sociedade e quer que “quem tem a missão de investigar saia da retórica e faça mais”, como disse nesta semana.
Analistas políticos até reconhecem alguma capacidade investigativa dos agentes e justiça nacional, mas dizem que esta, só funciona quando há interesses.