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Organizações sociais e partidos acusam Governo moçambicano de silêncio sobre Cabo Delgado


Centro de acolhimento de deslocados, Metuge, Moçambique
Centro de acolhimento de deslocados, Metuge, Moçambique

Presidente Nyusi refuta acusações

Alguns sectores da sociedade civil e partidos políticos dizem-se preocupados com o aparente silêncio do Governo de Moçambique relativamente à situação em Cabo Delgado, o que, para analistas, traduz a gravidade da situação no teatro de operações. Mas o Governo nega que haja silêncio.

Organizações sociais e partidos acusam Governo moçambicano de silêncio sobre Cabo Delgado - 2:00
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O Partido Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), a Justiça Social e outras organizações exigem que o Chefe de Estado dê aos moçambicanos informações detalhadas sobre o que se passa em Cabo Delgado, considerando isso um direito constitucional.

O CDD diz que o que os moçambicanos "gostariam de saber o que é que terá falhado para que o conflito evoluisse e se alastrasse a mais distritos de Cabo Delgado; como justificar. Sr. Presidente da República, a morte de pelo menos 1500 pessoas e o deslocamento de outras 350 mil"?.

Especulações

O chefe da bancada parlamentar do MDM, Lutero Simango, discursndo na abertura da presente sessão da Assembleia da República, afirmou que a falta de informação sobre o conflito em Cabo Delgado "dá lugar a muitas especulações" relativamente ao que está acontecer naquela província.

Para o analista Fernando Mbanze, o aparente silêncio das autoridades traduz a gravidade da situação de segurança em Cabo Delgado, "que, realmente, está a deteriorar-se, de forma acentuada e progressiva a cada dia que passa".

Mbanze avançou que já passam cerca de 45 dias, "e atá hoje ninguém sabe se Mocímboa da Praia foi recuperada pelas forças de defesa e segurança ou se continua sob a ocupação dos insurgentes".

Por seu turno, o analista Laurindos Macuácua considera que o Governo, com este silêncio, está a tentar esconder as dificuldades que as suas forças estão a enfrentar no terreno.

"Advinha-se que esta guerra vai ser muito longa, a situação em Cabo Delgado é drástica e penso que perante um cenário deste, o Governo devia dizer o que está realmente a acontecer", sustenta

Ofensiva contra insurgentes

Algumas correntes de opinião entendem que a ofensiva contra os insurgentes não tem corrido bem, razão pela qual o Governo opta pelo silêncio.

Contudo, para Jorge Matine, médico e director executivo do Observatório Cidadão para a Saúde, a informação disponibilizada pelas autoridades é pouca, diz que a situação em Cabo Delgado já esteve mais grave, mas nos últimos tempos tende a melhorar porque o Governo tem mais forças no terreno e parece haver mais liderança na resposta militar.

"A situação agrava-se do ponto de vista humanitário", realça Jorge Matine, explicando que quanto maior for o empenho das Forças de Defesa e Segurança contra os insurgentes "logicamente que também será maior o impacto que esse combate poderá provocar na vida das pessoas".

Entretanto, o Presidente da República, Filipe Nyusi, nega que haja silêncio da parte do Governo. "Estamos a dizer que as pessoas estão a matar, estão a queimar casas; estamos a dizer que eles não falam, não dizem quem são e o que querem, e há quem entenda que o país tem que dizer", afirmou o estadista moçambicano.

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