A contestada presidente da Comissão Nacional Eleitoral Independente tomou posse, quarta-feira, na Assembleia Nacional numa cerimónia marcada pelo já esperado boicote da oposição, à excepção da Nova Democracia.
O líder da bancada parlamentar da UNITA, Raul Danda, justificou a atitude com o argumento de que a indicação de Suzana Inglês fere a Constituição angolana.
“Está-se a ferir a lei de forma muito grave e nós não podemos partir de pressupostas falsos para um processo eleitoral”, afirmou.
Ngola Kabangu, da FNLA entende também o Conselho Superior da Magistratura Judicial violou a Lei Orgânica dos Processos Eleitorais.
“Não foram respeitados os pressupostos ali definidos e portanto a indicação é ilegal” defendeu.
Na opinião de Sapalo António, do PRS, a jurista, Suzana Inglês nunca foi magistrada judicial conforme a Lei exige.
“A função de advogado é incompatível com a de juiz e o Conselho Superior da Magistratura Judicial reconhece que ela integra o Conselho mas como jurista, o que é ainda mais grave”, precisou.
O líder da bancada parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira a atitude da oposição já era esperada acusando-a de pretender lançar suspeição em todo o processo eleitoral.
“Não muito tempo, aqui nesta casa da democracia, todos os deputados votaram por unanimidade a eleição da Dra Suzana Inglês, para presidente da CNE. Agora os mesmos deputados, reprentantes de alguns partidos políticos da oposição, já a consideram um perigo para aestabilidade e lisura do processo eleitoral”.
Quase todos os partidos da oposição, e a sociedade civil, contestaram a nomeação de Suzana Inglês, por a mesma não reunir os requisitos legalmente definidos para o exercício da função.
Uma reportagem do Novo Jornal, no final do ano passado, revelava alegações de má gestão da Comissão Eleitoral, durante o mandato anterior de Suzana Inglês. Fontes da CNE acusavam-na de prescindir de técnicos qualificados para contratar familiares e amigos, prejudicando a qualidade técnica da Comissão. A própria nunca comentou o assunto.