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ONU alerta que qualquer passagem para o Líbano viola a sua "soberania"


Funeral coletivo de pessoas mortas num ataque israelita no domingo, na cidade de Ain Deleb, no sul do Líbano
Funeral coletivo de pessoas mortas num ataque israelita no domingo, na cidade de Ain Deleb, no sul do Líbano

Cerca de 100.000 pessoas entraram na Síria a partir do Líbano, segundo dados da ONU. 60.000 são crianças. Situação no Líbano transformou-se numa crise humanitária, dizem organizações humanitárias.

A ONU adverte contra uma “invasão terrestre israelita em grande escala” no Líbano. A força de manutenção da paz da ONU advertiu na terça-feira, 1, que qualquer travessia para o país violaria a sua soberania, depois de Israel ter anunciado que iria efetuar incursões terrestres limitadas.

“Qualquer passagem para o Líbano constitui uma violação da soberania e da integridade territorial libanesas”, declarou a UNIFIL. “Os civis devem ser protegidos, as infra-estruturas civis não devem ser atingidas e o direito internacional deve ser respeitado”.

Israel e os Estados Unidos estão de acordo quanto à importância de desmantelar as “infra-estruturas de ataque” do Hezbollah ao longo da fronteira israelo-libanesa, afirmou na terça-feira o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, na rede social X, depois de ter falado durante a noite com o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin.

Israel invadiu o sul do Libano na segunda-feira, 30, afirmando tratar-se de uma invasão "limitada e precisa" para atacar estruturas do Hezbollah. O grupo militante libanês Hezbollah afirmou na terça-feira ter atacado a base dos serviços secretos militares israelitas de Glilot, perto de Telavive. "É apenas o começo", disse o chefe das relações com a comunicação social, em declarações à agência Reuters.

O ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, disse que Israel deve deixar de realizar ataques terrestres no sul do Líbano para evitar uma escalada do conflito que envolve a região.

Desde fevereiro de 2022, a Espanha comanda a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) e destacou 650 soldados ao longo da fronteira sul do Líbano com Israel.

60.000 crianças chegaram à Síria

Cerca de 100.000 pessoas - 60% sírias e 40% libanesas - entraram na Síria a partir do Líbano desde que as hostilidades se intensificaram a 24 de setembro, segundo dados da ONU. Dessas, 60.000 são crianças, segundo a organização não governamental (ONG), Save the Children.

A ONG pede um "abrandamento imediato da violência na região", sublinhando que muitas crianças sofrem de desidratação e exaustão. "Algumas crianças foram obrigadas a caminhar durante horas sob a ameaça de ataques aéreos, apenas para chegar a uma fronteira que continua a ser perigosa. Esta situação não pode continuar", afirma Rasha Muhrez, Diretora de Resposta da Save the Children na Síria, num comunicado.

A organização recorda que a "Síria já está a braços com a maior crise humanitária de sempre, após 13 anos de conflito", onde 16 milhões de pessoas - das quais 45% são crianças -, necessitam de alguma forma de assistência humanitária. "A crise humanitária na Síria atingiu níveis recorde e está a ser arrastada para uma escalada regional", declara Muhrez.

A Save the Children lembra que ao abrigo do Direito Internacional Humanitário, as zonas civis densamente povoadas devem ser protegidas.

Cristhian Cortez, da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), afirmou que a situação no Líbano se tinha transformado numa crise humanitária.

A escalada de violência deslocou cerca de um milhão de pessoas, quase um quinto da população do Líbano. Antes do ataque terrestre, a escalada de ataques de Israel ao Líbano terá matado mais de 1000 pessoas em apenas duas semanas, informou Liz Throssell, porta-voz do gabinete dos direitos da ONU, os jornalistas em Genebra.

c/ reuters e AFP

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