O Presidente moçambicano disse recusar "meninos de recados" e que não negou em nenhum momento apoio na luta contra o terrorismo que assola a província de Cabo Delgado.
“Em nenhum momento recusamos apoios salvo os que pretendem fazer por vias não formais ou não directas”, disse Filipe Nyusi aos diplomatas num encontro em Maputo na quinta-feira, 13.
“Há países que já estão a apoiar Moçambique com actos na luta contra o terrorismo”, acrescentou Nyusi, quem realçou que "havendo vontade que um país soberano tenha, um país com bandeira… (não pode) usar meninos de recados para falar com o Governo, salvo se a diplomacia esteja a falhar neste país”.
Ele sublinhou que, em Moçambique, a diplomacia funciona: "Sempre dissemos que somos fortes em termos de cooperação e não precisamos de meninos de recados para podermos falar sobre problemas de um país irmão, de um país vizinho”.
Nyusi reagia assim às críticas que dão conta que o seu Governo não está aceitar o apoio militar estrangeiro para o combate dos ataques que desde 2017 perturbam aquela região no norte do país, afirmando que “nós em Moçambique reconhecemos que sozinhos não podemos erradicar este flagelo, dai que acolhemos com agrado a manifestação de solidariedade e interesse em apoiar-nos nesta luta”.
Ele considerou "injustas" afirmações de "alguns círculos" de que o país tem recusado apoio e sustentou que estão em curso ações de cooperação com vários países na luta contra a violência.
O Presidente moçambicano reiterou o objectivo do país no cumprimento da Carta dos Direitos Humanos das Nações Unidas e garantiu que “enquanto subscritor da mesma o nosso país tem o dever de pautar pelo respeito escrupuloso deste instrumento supranacional e dos demais que versa sobre a matéria”.
“Qualquer coisa que esteja contra os direitos humanos não imaginária, nós vamos agir e vamos responsabilizar”, prometeu Nyusi.
Quanto ao conflito no centro de Moçambique, ele afirmou ainda que estão a ser envidados esforços para garantir o retorno à tranquilidade na zona centro do país fustigada pelos ataques da propalada Junta Militar da Renamo, afirmando que a aposta do Governo reside no diálogo.
“Continuamos a encorajar o diálogo com vista a restabelecer o clima de estabilidade no centro do país, da mesma maneira que conseguimos atingir o alto nível de diálogo com a Renamo um dia acreditamos que vamos conseguir”, referiu o Presidente moçambicano.
O encontro entre o Presidente moçambicano e diplomatas estrangeiros acresditados em Maputo acontece dias antes de Filipe Nyusi deslocar-se a Paris para participar, na terça-feira, 18, na cimeira França/África.