O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, escusou-se a dizer se recebeu ou não dinheiro no caso das dívidas ocultas, numa entrevista ao jornal Canal de Moçambique, nesta quarta-feira, 15.alegando não querer embaraçar a Justiça.
"Porque é que você não faz o seguinte: deixar... até porque isso é embaraçoso para quem está a dirigir, porque eu não quero embaraçar o processo que está a correr ao nível da Justiça", afirmou Nyusi, para quem "as coisas serão explicadas, o tempo é responsável".
O Presidente afirmou também não acreditar na "narrativa de perseguição política" alegada por Ndambi Guebuza, filho do ex-presidente de Moçambique, quando foi detido em Fevereiro.
"Eu não posso estar a falar em nome da Justiça. É indecente", acrescentou.
Nyusi era ministro da Defesa aquando dos empréstimos, em 2013-2014, e a imprensa moçambique tem dito que ele autorizou o processo que visava comprar barcos para a protecção da fronteira marítima do país.
Os empréstimos lesaram o Estado em cerca de dois mil milhões de dólares, dando lugar ao conhecido caso "dívidas ocultas", que levou à detenção do antigo ministro das Finanças, Manuel Chang, que aguarda a extradição para os Estados Unidos ou Moçambique, e mais nove pessoas no país, além de três antigos director do Crédit Suiss, em Londres, e do empresário libanês, Jean Boustani, a pedido da justiça americana.
Na entrevista, Filipe Nyusi afirmou temer uma escalada de violência no norte do país, onde se registam ataques há um ano e meio, e garantiu que há colaboração com as multinacionais que investem em gás natural na província "para proteger os objectos económicos".
O Chefe de Estado moçambicano abordou ainda as calamidades que se abateram sobre o país e rematou: "Não sei se há uma outra desgraça que vai acontecer neste país do que aquilo tudo que nos aconteceu nesses quatros anos e meio".