O Presidente moçambicano completou nesta quarta-feira, 27, o segundo dia da visita de Estado que realiza ao Uganda e, que visa reforçar a cooperação nas áreas diplomáticas e comerciais, mas analistas dizem que assuntos militares podem estar ocultos nos acordos a serem assinados.
Aliás, no encontro mantido com o seu homólogo Yoweri Museveni, Filipe Nyusi destacou que o Uganda, já está a apoiar Moçambique "logisticamente e de forma muito profunda".
O que nós viemos fazer aqui é agradecer", afirmou Nyusi em Kampala.
O analista político Gil Aníbal diz que a visita é uma extensão da estratégia de Nyusi, de procura de mercado para vender as potencialidades nacionais.
"A visita faz parte da diplomacia económica em curso, visando explorar todos os mercados para as potencialidades nacionais, nomeadamente, os recursos naturais. Sabemos que O Uganda já manifestou interesse em comprar carvão natural de Moçambique e, havendo outros recursos que o país detêm, certamente que as questões comerciais serão o foco" disse o analista.
Assuntos militares
Paralelamente a questões comerciais, analistas dizem que aspectos militares podem estar, ainda que ocultos, no centro da visita.
"A ida do Presidente moçambicano ao Uganda, tem muito a ver com questões militares, e não exactamente comerciais" disse Mohamed Yassine, docente e analista em relações internacionais e diplomacia.
Segundo o analista, trata-se de uma questão que tem subjacente algumas nuances, tendo em conta que as relações entre Uganda e o Ruanda, um dos principais aliados do momento, no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, não são propriamente saudáveis, daí que Moçambique pode ter um papel conciliador pelo meio.
"Eu penso que o que Moçambique vai fazer, primeiro, é conciliar esses dois países, servir de ponte para uma boa relação entre os dois países, e depois, negociar, até que ponto o Uganda pode entrar como uma força para a questão de luta contra o terrorismo" vaticinou.
Recorde-se que em Junho de 2019 esteve em Maputo o primeiro ministro ugandês Ruhakana Ruganda, que após uma audiência com Filipe Nyusi, deixou Maputo com porta aberta para reforço da cooperação, apontando as áreas de ciência e tecnologia, formação profissional e trocas comerciais.