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Nyusi convida candidatos presidenciais para diálogo e critica "manifestações violentas"


Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique, no seu último Informe Anual sobre a Situação Geral da Nação, Mapujto, 7 agosto 2024
Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique, no seu último Informe Anual sobre a Situação Geral da Nação, Mapujto, 7 agosto 2024

Presidente moçambicando acrescentou que os moçambicanos “precisam de se unir para acabar com a situação que pode levar o país a uma anarquia”

O Presidente moçambicano convidou os quatro candidatos presidenciais para um diálogo aberto e prometeu usar a sua “energia para pacificar o país".

Numa mensagem ao país nesta terça-feira, 19, Filipe Nyusi, também responsabilizou as “manifestações violentas” pelos 19 mortos e 807 feridos registados durante os protestos que emergiram no país após as eleições de 9 de outubro e pediu às Forças de Defesa e Segurança (FDS) que usem o recurso à força apenas “em situações extremas para defender vidas e a economia nacional”.

“Precisamos dos candidatos, precisamos e convido os candidatos a aceitarem o encontro para o benefício dos moçambicanos”, pediu Nyusi, sublinhando que “estamos a tempo de promover o diálogo e prometo usar toda a minha energia para pacificar o país e, para termos sucesso, precisamos de todos os moçambicanos, precisamos de estar juntos”.

O Presidente acrescentou que todos os moçambicanos “precisam de se unir para acabar com a situação que pode levar o país a uma anarquia”.

"Ninguém, em nome de qualquer causa, pode impedir um cidadão de ir trabalhar para garantir o sustento das suas famílias" ou "impedir o funcionamento dos serviços públicos, dos hospitais, das escolas, dos mercados e dos transportes públicos", afirmou Nyusi que, em jeito de balanço, disse que se registaram nos últimos dias mais de 200 manifestações pós-eleitorais "violentas", que provocaram 807 feridos e 19 mortos.

"Estes dados dizem respeito à consequência indireta da onda de violência. Mas os tumultos provocaram danos diretos nas pessoas”, acrescentou Nyusi que disse lamentar “a perda da vida de 19 concidadãos, cinco dos quais membros da PRM (Polícia da República de Moçambique)”.

O Chefe de Estado moçambicano afirmou ainda que "em paralelo, ocorreram atos de sabotagem contra antenas de telefones móveis e postos de energia”, e perguntou “para onde vamos?".

Sem se referir às muitas acusações de personalidades, cidadãos comuns e organizações não governamentais, inclusive internacionais, contra a atuação das FDS, especialmente da polícia, Filipe Nyusi sublinhou que “as Forças de Defesa e Segurança devem continuar a servir o seu povo”, mas sublinhou que “o recurso ao uso da força deve ser apenas em situações extremas para defender vidas e a economia nacional”.

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“Não queremos que ocorram situações de que todos sairemos a perder", enfatizou o Presidente, que também apelou a que “os mais jovens, adolescentes e crianças, não sejam mais usados para disputas que devem-se resolver nas instituições, nos momentos próprios".

Na sua longa intervenção, o Presidente referiu-se aos efeitos das manifestações no atendimento nos estabelecimentos hospitalares, onde houve uma redução de 60 por cento dos profisionais de saúde, de 60 por cento no número de pacientes atendidos nos serviços de urgência, de pediatria e de adultos, e de 54% em doações de sangue, além de 6.500 crianças que "perderam ou adiaram" a vacinação.

Até agora, nem Ossufo Momade, da Renamo, Venâncio Mondlane, apoiado pelo Podemos, Lutero Simango, do MDM, ou Daniel Chapo, da Frelimo, no poder e anunciado vencedor da eleição presidencial pela Comissão Nacional de Eleições reagiram ao convite do Chefe de Estado.

Mais cedo, Mondlane convocou três dias de protestos a partir de amanhã, 20, em que "vamos parar todas as viaturas e buzinar em homenagem aos nossos heróis", em referência às 50 vítimas mortais, segundo ele, desde que começaram os protestos.

Para os que não têm viatura, aquele candidato presidencial pediu que, nos três dias, "das 12h00 às 12h15 levantem cartazes, da reposição da verdade eleitoral, nos semáforos, no meio das ruas, como se fossem sinaleiros".

O pedido foi feito numa comunicação numa rede social em que ele apelou ao "luto nacional pelos mártires da revolução das panelas".

"Três dias de luto nacional (...) Não é de qualquer maneira que morrem 50 pessoas e a sociedade fica impávida e serena", continuou Mondlane que anunciou ainda que "a nossa manifestação vai ser estar de preto, bater panelas, levantar cartazes".

Refira-se que a Procuradoria-Geral da República (PGR) entregou na segunda-feira, 18, ao Tribunal Provincial da Cidade de Maputo uma ação cível em que exige a Venâncio Mondlane e ao presidente do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) o pagamento de 32 milhões de meticais (cerca de 500 mil dólares) por alegados danos patrimoniais provocados pelas manifestações que tomaram conta de várias cidades do país após as eleições de 9 de outubro.

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