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Mais de 20 mortos em três dias de protestos em Moçambique


Um veículo blindado militar bloqueia a estrada enquanto os manifestantes tentam dirigir-se ao posto fronteiriço de Ressano Garcia, entre Moçambique e a África do Sul, a 13 de novembro de 2024.
Um veículo blindado militar bloqueia a estrada enquanto os manifestantes tentam dirigir-se ao posto fronteiriço de Ressano Garcia, entre Moçambique e a África do Sul, a 13 de novembro de 2024.

Venâncio Mondlane informou, através do Facebook, que a segunda fase da quarta etapa vai ser anunciada na próxima terça-feira.

22 pessoas perderam a vida durante três dias de manifestações em Moçambique, segundo dados recolhidos pela Plataforma Eleitoral Decide. De acordo com o relatório da Organização Não-Governamental (ONG), sete mortes foram registadas na província de Nampula, duas na Zambézia, nove na província de Maputo e quatro na capital.

Entre os dias 13 e 15 de novembro, 23 pessoas foram baleadas e 80 detidos - a maioria das quais na província e na cidade de Maputo e na Zambézia - durante os protestos dos ultimos 3 dias, avança ainda a plataforma. Entre as pessoas baleadas, 10 ocorrem em Nampula, três na Zambézia, três em Manica, três em Maputo e quatro na cidade de Maputo, avança a ONG.

Os números referentes à quarta etapa de protestos juntam-se aos mortos avançados pelas várias ONGs relativamente às várias manifestações que tiveram início após o anúncio dos resultados eleitorais, que atribuem a vitória ao Partido Frelimo, com mais de 70% dos votos. Vários jornalistas foram também detidos em Maputo pela polícia de Moçambique, entre os quais o correspondente da VOA, Charles Mangwiro.

Jornalista Charles Mangwiro diz que há tentativa de silenciar jornalistas em Moçambique
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O candidato independente Venâncio Mondlane - que ficou em segundo lugar - informou, através do Facebook, que a segunda fase da quarta etapa vai ser anunciada na próxima terça-feira. Mondlane disse que as manifestações não vão parar ate à reposição da verdade eleitoral e a "eliminação do assassinato do povo".

"Estamos numa batalha. Temos de ser firmes, pacientes e sentir sacrifícios. Estas manifestações não vão parar. Não vão parar até à reposição da verdade eleitoral, até à reposição da justiça eleitoral", declarou o candidato apoiado pelo partido parlamentar Podemos, que se encontra em parte incerta.

Um grupo de 13 relatores especiais de direitos humanos da ONU pediu ao Governo de Moçambique que ponha fim imediatamente à violência e à repressão de jornalistas, advogados, defensores dos direitos humanos e manifestantes.

Professores atingidos com gás lacrimogénio

Este sabado, 16, algumas dezenas de professores manifestaram-se no centro de Maputo, de bata exigindo justiça. A polícia tentou travar a marcha com disparos de gás lacrimogéneo e cinco docentes foram detidos. O protesto foi convocado pela Associação Nacional dos Professores de Moçambique para reclamar o pagamento das horas extraordinárias em atraso.

A polícia indicou não exisitirem condições para a realização da manifestação.

O protesto acabou por ser também direcionado para a actual situação no país, com os professores a gritar "Salvem Moçambique" e "Não matem o nosso povo".

As manifestações estendem-se além fronteiras. Em Portugal dezenas de pessoas juntaram-se em Lisboa em protesto contra o que consideram ser eleições fraudulentas. Vivem em Portugal perto de quatro mil moçambicanos, de acordo com o relatório referente a 2021 do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

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