Uma nova onda de raptos está a inquietar empresários nas principais cidades moçambicanas, e há receios de impacto negativo nos investimentos.
Os últimos casos incluem o rapto da filha de um empresário português, que posteriormente foi posta em liberdade mediante o pagamento de cerca de 50 mil dólares americanos; e no último sábado foi raptado, em plena luz do dia, um empresário da cidade da Beira, no centro da capital moçambicana, Maputo.
Na sequência, o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), tal como na maioria de casos, veio a terreiro dar conta de estar no encalço dos raptores.
“Neste momento, o SERNIC está a trabalhar com base nas informações colhidas no local e não só; temos evidências ou indícios que nos possam permitir chegar até os autores desta ação criminosa”, disse o agente Hilário Lole.
Resposta deficiente
Desde 2011 que Moçambique tem visto crescer este tipo de crime, sem que haja uma resposta cabal das autoridades.
O Jornalista Alexandre Chiure, com base na sua investigação, disse que a tecnologia usada pela polícia moçambicana para perseguir os raptores é arcaica, e já foi apresentada uma solução tecnológica para apoiar a polícia, porém há resistência.
“Há uma tecnologia na Alemanha, nos Estados Unidos da América e também na África do Sul que permite rastear esse tipo de conversas [dos raptores e familiares dos raptados], e consta que houve essa apresentação; infelizmente as pessoas que tiveram acesso não mostraram simpatia com essa tecnologia, no que é encarado como resistência à mudanças”, disse Chiúre.
Empresários preocupados
Perante o cenário, o setor empresarial continua a queixar-se do impacto nefasto deste crime.
Paulo Oliveira, da CTA - Confederação Empresarial, disse que a insegurança tem retraído o investimento dos pequenos e médios empresários.
“Estes casos acontecem quase sempre com empresários ou suas famílias. Não nos esqueçamos que a nossa economia é feita de micro e pequenas empresas, não são as grandes empresas que vão criar a riqueza da classe média, porque essas estão protegidas, trazem os seus exércitos, blindam-se e ficam livres desta situação”, disse Oliveira.
Oliveira disse que a CTA quer colaborar com o Governo no combate aos raptos, porque “para nós é muito importante o tema da estabilidade e segurança”.