O académico André Thomashausen, profundo conhecedor da Renamo, é de opinião que próxima liderança deste partido deve ser capaz de responder à dinâmica de um “país moderno, pobre, mas no caminho do progresso”.
Tendo em conta as eleições gerais de 2019, Thomahausen diz que “seria bom ter um candidato jovem, que poderia trazer para o debate politico uma visão”.
“Moçambique vai ser um dos grandes produtores de gás do mundo e isso vai requerer uma boa capacidade de gestão e funcionamento de uma economia moderna, mercados internacionais, processos políticos modernos,” argumenta o professor emérito de direito internacional e constitucional na Universidade da África do Sul.
A Renamo disse ontem, 12, que vai realizar, este mês, uma reunião do Conselho Nacional, que vai definir as datas do Congresso extraordinário, no qual será eleito o seu futuro líder.
Este processo acontece na sequência da morte de morte de Afonso Dhlakama, há seis meses.
Ainda não há candidaturas formais, mas no meio próximo da Renamo avançam-se os nomes de Elias Dhlakama (irmão do falecido líder); o actual secretário-geral, Manuel Bissopo; o coordenador interino, Ossufo Momade; e a chefe da bancada parlamentar, Ivone Soares.
Processo renhido
Thomashausen diz que o processo de escolha do sucessor de Dhlakama não será fácil, em parte, porque, devido à guerra a Renamo “nem sempre realizou congressos e não existem regras específicas e precisas nos estatutos sobre a forma de votação”.
Quando aos perfilados, Thomashausen diz que “Bissopo é uma pessoa ainda não muito bem conhecida na opinião pública, mas conhece Moçambique do norte a sul (…) tem a imagem de alguém que não faz parte do passado e uma linguagem da nova geração”.
“Ivone Soares é uma personalidade fortíssima, muito impressionante, tem muito apoio no estrangeiro, mas tem cruelmente o facto de ser mulher”, diz Thomashausen.
O académico recorda “o facto de nos países menos desenvolvidos haver ainda uma cultura que não vê bem uma mulher na liderança de homens”.
Por outro lado, ele suspeita que Soares é capaz de não se candidatar, porque apoia Elias Dlhakama, que “é uma pessoa com pouca experiência na actuação em público; é militar, e Moçambique já está cansado de militares (…) o povo tem sofrido nas mãos de militares de qualquer um dos lados”.
Thomashausen diz que o general Ossufo, “com idade acançada”, foi “braço direito de Afonso Dhlakama, mas só a nível operacional, nunca esteve envolvido nas decisões políticas”.
Por outro lado, “duvido até por razões de saúde, que é um pouco fraca ”que seja capaz de enfrentar os desafios de uma campanha num país com a extensão de Moçambique.
No tocante às eleições gerais de 2019, Thomausen lamenta que devido “à obsessão patológica da Frelimo de continuar a ser partido único, todas as possíveis fontes de financiamento da campanha da Renamo são desencorajadas”.
Acompanhe a entrevista: