O investigador moçambicano Salvador Forquilha diz que as autoridades e residentes de Nampula devem estar atentos à violência armada que acontece na vizinha província de Cabo Delgado.
Segundo Forquilha, Nampula está numa posição delicada, porque acolhe os deslocados de guerra, e é o local de onde partiram jovens que se juntaram aos insurgentes em Cabo Delgado.
“Sabemos que de Nampula, sobretudo da zona litoral, sairam, no passado e eventualmente estejam a sair - ainda não sabemos – jovens que se vão juntar ao grupo”, diz Forquilha.
As autoridades de Nampula, que é província mais populosa de Moçambique (seis milhões de habitantes) e com maior número de muçulmanos, nalgum momento desencorajaram viagens de jovens a Cabo Delgado.
O conflito em Cabo Delgado forçou a fuga de, pelo menos 20 mil pessoas para Nampula, nos últimos meses.
Para o Governo de Maputo a insurgência, que já fez mais de 1500 mortes em três anos, é movida por um grupo ligado ao Estado Islâmico.
Forquilha, que estuda a insurgência, adverte que “é muito importante olhar para o que está a acontecer em Cabo Delgado também como um problema da província [Nampula]”.
Jornalistas sem meios
Numa mesa redonda organizada pelo Instituto de Estudos Sociais e Económicos, que dirige, e a Fundação MASC, Forquilha apelou igualmente aos jornalistas para abordarem a insurgência em Cabo Delgado com muita profundidade.
Os jornalistas disseram que não lhes falta vontade, mas abundam dificuldades.
“O jornalismo investigativo que pretendemos fazer não se compadece com superficialismos (…) é preciso que os órgãos invistam para que de facto consigamos compreender” o que acontece em Cabo Delgado, afirma o jornalista Gildo do Rosário.
Rosário ressalva que os órgãos de informaçao não têm fundos para tal investimento.
Além da falta de fundos, a cobertura da insurgência em Cabo Delgado é desencorajada pela crónica perseguição movida pelas autoridades, tal como dizem os ativistas.
Um exemplo disso é o recente desaparecimento de Ibraimo Mbaruco, da Rádio Comunitária de Palma.