O governador da Lunda Norte Ernesto Mwangala negou enfaticamente à VOA estar a registar-se na zona do Cafunfo uma doença misteriosa que estaria a matar dezenas de crianças.
A declaração tinha sido feita pelo deputado da UNITA Joaquim Nafoya que, na altura, pediu também a demissão do governador.
Mwangala disse ter interrompido as suas férias para se deslocar ao local com uma equipa multissectorial que durante quatro dias investigou a situação e que chegou à conclusão que as declarações de Nafoya não têm fundamento.
O governador Mwangala acusou também o deputado da UNITA de querer politizar a situação.
Mwangala afirmou que tinha havido recentemente um aumento no número de mortes causadas por malária, mas isso “é próprio deste período chuvoso, tendo em conta o saneamento básico que é débil”.
Isso deve-se também a “aspectos culturais que todos conhecem”.
“Quando a criança começa a adoecer o recurso inicial é o quimbanda e quando a situação se agrava recorre-se ao hospital, onde chega com a doença muito avançada”, acrescentou.
O governador afirmou nunca ter desmentido as mortes na Lunda Norte, mas que alertou que “havia exageros e que havia aproveitamento político devido a problemas pessoais, principalmente com o senhor deputado Joaquim Nafoya”.
Ernesto Mwangala disse que “não compete a nenhum deputado, muito menos da oposição, pedir ao Presidente da República a exoneração de um membro do Governo provincial ou do Executivo”.
O governador disse tratar-se de uma “atitude individual que não é apoiada nem pelo seu próprio partido”, acusando depois Nafoya de o ter anteriormente acusado de responsabilidade pela morte de um militante da UNITA que posteriormente, segundo disse, foi visto em público.
“Se há problemas políticos, se há problemas pessoais não devemos interferir no trabalho, ter essas atitudes, utilizando órgãos de comunicação social, incitar a população para se atirar contra os governantes, exigir que o Presidente exonere este ou aquele”, afirmou, recordando que “são cargos de confiança do próprio Presidente da República”.
Mwangala disse que no período entre Janeiro e Novembro deste ano foram registadas 74 mortes por malária no hospital do Cafunfo “com proeminência nos menores de cinco anos de idade”.
Nesse período registaram-se 18 “óbitos extra-hospitalares” em diversos bairros da cidade.
“Os meses de Setembro, Outubro e Novembro deste ano tiveram o maior número de óbitos”, sublinhou o governador que nomeou uma série de medidas para ajudar no combate à malária no Cafunfo, afirmando estarem a caminho duas carrinhas para pulverização.
Mwangala esclareceu que na quinta-feira, 7, vai regressar a Cafunfo para acompanhar a situação e prometeu garantir o abastecimento regular de medicamentos e material consumível, reforçar o quadro clinico do hospital e entre outras medidas fiscalizar o uso de medicamentos e outros meios hospitalares devido a desvios.