Depois de dois adiamentos, o Tribunal Judicial da Cidade de Maputo agendou para a próxima terça-feira, 5 de Abril, a audição da antiga ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo.
A também antiga embaixadora em Angola, principal figura do processo que julga o desvio de mais de 113 milhões de meticais do fundo de pensões de mineiros moçambicanos que trabalham na vizinha África do Sul, deverá responder sobre o seu papel no esquema.
Trata-se de mais um julgamento que volta a destapar os esquemas de dilapidação do dinheiro público nas instituições do Estado.
Para além das ligações familiares entre os arguidos envolvidos, as audições vêm desvendando o velho esquema de falsificação de documentos e uso de empresas e contratos de fachada, para prestação de serviços que nunca chegam a ser realizados.
Crítica à limitação da imprensa
O julgamento, que acontece com a imprensa proibida de registo de imagem e voz, é visto com muita suspeição pela sociedade civil, que diz haver algo a esconder por detrás da proibição.
“Hoje está em julgamento Helena Taipo, num tribunal onde tentaram esconder o máximo possível, num sítio onde muitas pessoas não sabe onde é, algures na Catembe, e não há direito à cobertura da imprensa”, lamenta Adriano Nuvunga, activista social.
Desde o início das audições de discussão e julgamento, há duas semanas, 10 dos 12 arguidos já foram ouvidos.
Todos confirmam ter, directa ou indirectamente, recebido o dinheiro de que são acusados, mas negam que estivessem dentro de um esquema deliberado para lesar o Estado.