O conflito na província de Cabo Delgado origina a degradação dos direitos humanos em Moçambique, diz a organização Human Rights Watch.
"A situação humanitária na província de Cabo Delgado agravou-se devido à insegurança e violência", escreve a Human Rights Watch (HRW) no seu relatório anual sobre os direitos humanos.
A organização diz que naquela província do norte de Moçambique, o grupo armado islamita Al-Sunna wa Jamah realizou ataques "matando civis, raptando mulheres e crianças e queimando e destruindo propriedades".
Além de ataques do grupo islamita, denuncia a HRW, as forças armadas fizeram "detenções arbitrárias, raptos, tortura, uso de força excessiva contra civis desarmados, intimidação, e execuções extrajudiciais".
Para esta organização, o conflito de Cabo Delgado não teve resposta resposta adequada. "Embora a violência tivesse vindo a aumentar há mais de um ano em Cabo Delgado, a União Africana apenas notou pela primeira vez, em fevereiro, o nível sem precedentes de violência contra os civis", lê-se no relatório.
Conflito em Manica e Sofala
O conflito em Cabo Delgado iniciou em 2017. Pelo menos duas mil pessoas foram mortas e mais de 550 mil foram forçadas a fugir para zonas consideradas seguras.
Além do conflito em Cabo Delgado, a HRW menciona no seu relatório a actuação de um grupo tido como dissidente da Renamo, a Junta Militar liderada por Mariano Nhongo, que fez ataques contra alvos civis em Manica e Sofala resultando na morte de dezenas de pessoas.
A perseguição de jornalistas é também abordada pela HRW, que denuncia que, pelo menos, seis jornalistas foram alvo de ataques que não mereceram a devida investigação das autoridades.