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Moçambique: Crianças concluem a 7ª classe, sem saber ler ou escrever


As crianças são obrigadas a trabalhar para sustentar a família

A assiduidade escolar é um problema que está a originar um debate sem precedentes nos últimos tempos na sociedade moçambicana.

O facto preocupa sobre maneira, toda a sociedade civil, e as autoridades governamentais.

Os críticos aos sistema governativo advertem que a falta de assiduidade por parte dos alunos é algo que pode comprometer a concretização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio no sector de educação.

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Um exemplo do impacto da falta de assiduidade escolar é que crianças que conseguem concluir a 7ª classe, não sabem ler ou escrever.

Os peritos apontam vários factores como a perda de valores tradicionais, a miséria, incluindo falta de alimentação, falta de transporte, gravidez precoce bem como o trabalho infantil, onde as crianças são obrigadas a trabalhar para sustentar a família.

Varias organizações não governamentais, como a Visão Mundial decidiram fazer alguma coisa para responder aos desafios.

A nível da província de Nampula estas organizações procuraram apoios junto do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos de América para financiar um programa de alimentação escolar na província de Nampula.

O objectivo do programa que foi lançado no mês passado em todas escolas primárias de Muecate e Nacarôa é o de melhorar a dieta alimentar dos alunos ali matriculados com o intuído de ver melhorado a assiduidade e consequentemente qualidade de ensino e o aproveitamento escolar.

O governo de Nampula acredita que o programa de alimentação escolar, vai contribuir para o aumento do número de crianças que vão a escola onde tem a possibilidade de além de estudar, comerem, e melhorar assim a assiduidade e a concentração dos alunos.

Mas, docentes ouvidos pela VOA em Nampula, dizem que esse programa alimentar pode não mudar muito a situação de má apresentação e disposição dos alunos bem como as constantes desistências e atrasos.

Fernando Lavieque e Carlos Constantino disseram que a assiduidade escolar não está estreitamente ligada as miséria material, mas sim moral e espiritual, resultante da perda de valores básicos na educação.

Como exemplo, o professor Carlos Constantino, disse que hoje as escolas deixaram de reprovar os alunos por falta, encontrado alunos a transitar mesmo sem terem participado nem si quer uma aula.

Para Fernando Lavieque “a educação é um fenómeno social e não deve ser dissociada do próprio dia a dia”. Este docente entende que “ nas escolas se o aluno é assíduo, o professor já não é”, e explica a seguir porque isso acontece.

Enquanto o professor Carlos Constantino considera que a ausência da assiduidade nas escolas moçambicanas é algo que foi provocado pelas constantes mudanças no currículo escolar e recomenda uma reflexão profunda, o professor Fernando Lavieque diz que há necessidade de as escolas fazerem cumprir os regulamentos existentes e que simplesmente se encontram arquivados na maior parte das escolas.

A VOA falou também com alguns alunos em Nampula. Eles dizem que os alunos apresentam-se mal vestidos, com aspecto descuidado e, chegam atrasados e não se dão tempo para perceber algo na sala de aulas, devido as novas tecnologias de informação e comunicação, associadas a globalização.

Estes referiram que durante as aulas, alunos há que simplesmente tratam de trocar mensagem com os seus namorados e amigos e quando há trabalhos de casa, estes não são feitos, porque os alunos preocupam-se em assistir novelas e filmes.

Estes problemas, segundo os alunos também se associam a falta de regulamentos que ditam ordens nas demais escolas do país.

Já o recém-nomeado director Provincial de Educação e Cultura de Nampula, Raul Namunwe diz que para resolver os problemas da educação é necessário que haja um envolvimento de todos os intervenientes do processo de ensino e aprendizagem, nomeadamente os directores escolares, os professores, os alunos e os encarregados de educação
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