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Moçambique: Onda de raptos ultrapassa capacidade policial


O fenómeno afecta praticamente todo o país, mas com maior incidência as cidades de Maputo, Matola e Beira.

Em Moçambique, analistas dizem ser fundamental a modernização da polícia, através de meios materiais e humanos e a adopção de uma legislação específica sobre o crime de rapto, que, segundo o Procurador-Geral da República, Augusto Paulino, representa uma verdadeira ameaça á paz, ao desenvolvimento e até mesmo à soberania do Estado.

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O fenómeno afecta praticamente todo o país, mas com maior incidência as cidades de Maputo, Matola e Beira, algumas das mais importantes de Moçambique, estimando-se em mais de 20 o número de pessoas já raptadas e mais tarde libertadas a troco de elevadas somas de dinheiro.

Célia Mahanjane diz-se preocupada com a onda de sequestros, realçando que esta situação está a ultrapassar as capacidades da polícia moçambicana para resolver o problema.

“Há uma incapacidade da parte das autoridades moçambicanas de resolver este problema, porque está a ficar claro que a nossa polícia não está preparada para este tipo de situações”, disse a jornalista.

Presentemente, os raptos visam também cidadãos originariamente moçambicanos, depois de no início afectarem empresários de origem asiática ou seus familiares.
Várias pessoas já foram detidas, algumas das quais estão a ser julgadas, e face ao trabalho policial, os raptores já começam a exigir resgate em quantias bastante irrisórias como um milhão e duzentos mil meticais.

O jurista Filimao Swázi diz que a Assembleia da República deve olhar para este fenómeno e encontrar a melhor forma de tão cedo quanto possível resolver esta situação.

Lamentou o facto de as vítimas não estarem a colaborar, nem com a polícia, nem com o tribunal. Dentre outros factor, Swázi disse que as vítimas poderão não estar a colaborar pelo facto de recearem que coisas piores aconteçam ás suas famílias,
Normalmente, o crime organizado funciona de forma bastante extensiva em termos de envolvimento de muitas pessoas.

Os indivíduos que estiveram em cárceres privados durante uma semana, certamente que mesmo que os sequestradores andem mascarados, uma e outra vez descuidaram-se e desmascararam-se e foram vistos.

“Parece muito estranho que as pessoas apareçam a dizer que não reconhecem os sequestradores. Mas há-de haver pactos feitos em sede de cativeiro que nós não conhecemos”, afirmou aquele jurista.

A Presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique, Alice Mabota, criticou a fraca actuação da polícia em casos desta natureza, mas diz que uma lei específica sobre o sequestro é fundamental.

Refira-se que Moçambique já teve outros crimes desta natureza, como o caso de fabricação de Mandrax, na zona do Trevo, na Matola, que apanhou de surpresa as autoridades governamentais, os crimes de castração da cabeça de um cidadão na Beira, depois disso o recrudescimento de casos de desaparecimento de pessoas mas com fins específicos, que era a castração de órgãos genitais para efeitos obscurantistas e outros, na década de 90.

E quando se pensava que se estava em paz em relação a isso, surgem agora os sequestros, que para o Procurador-Geral da República, Augusto Paulino, juntamente com outros crimes, representam uma verdadeira ameaça á paz, ao desenvolvimento e até mesmo á soberania do Estado.

Ramos Miguel, VOA-Maputo
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