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Moçambique: ONG regista 76 mortos, Mondlane lança nova fase de protestos e banco central prevê aumento de preços


Cidadãos seguram cartazes com os dizeres “Este país é nosso” e “Juntos contra a corrupção” durante um protesto com buzinas em Maputo, capital de Moçambique. 21 novembro 2024
Cidadãos seguram cartazes com os dizeres “Este país é nosso” e “Juntos contra a corrupção” durante um protesto com buzinas em Maputo, capital de Moçambique. 21 novembro 2024

A plataforma eleitoral Decide informou que 76 pessoas morreram e 240 ficaram feridas por balas em Moçambique durante os 41 dias de manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane no dia 24 de outubro contra o que chamou de “fraude eleitoral” e para repor a “vontade popular”.

Um relatório divulgado por aquela organização não governamental nesta segunda-feira, 2, com dados até ontem, indica “mais de 1.700 feridos por causas diversas” e “mais de 3.000 detenções”.

Estes números foram revelados no dia em que Mondlane lançou uma nova fase dos seus protestos conhecida por 4x4 e apela que “em todos os bairros” as pessoas paralisem a circulação automóvel das oito às 16 horas.

“Vão-se concentrar nos bairros e nas avenidas principais que atravessam os nossos bairros, – não temos necessidade de fazer grandes deslocações – levantando os nossos cartazes”, apelou Venâncio Mondlane, que desta forma convoca sete dias de protestos a partir da quarta-feira, 4.

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Ele pediu que se suspendam as festas de Natal e passagem de ano porque “não há festas felizes quando um povo está triste, assassinado, preso...”

Mondlane continua em parte incerta e desconhece-se, por agora, como, onde e quando será realizado o tal “diálogo” entre o Presidente da República e os quatro candidatos presidenciais, depois dele ter abortado o encontro marcado para o passado dia 26, por, alegadamente, o Governo não ter respondido às suas exigências numa carta entregue na Procuradoria-Geral da República.

Preços vão aumentar

Entretanto, mantém-se alguma expetativa em relação a esta nova fase de protestos porque as pessoas começam a sentir na pele a necessidade de regressar ao trabalho, como já acontece, apesar dos protetos.

Na sexta-feira, 29, no seu relatório de Conjuntura Económica e Perspetivas de Inflação, o Banco de Moçambique alertou que os preços vão aumentar até final do ano devido às consequências da tensão pós-eleitoral.

Embora o relatório indica que a inflação "manteve-se estável em outubro", apesar de um ligeiro aumento para 2,68%, diz que "as perspetivas de curto prazo apontam para uma aceleração da inflação anual no quarto trimestre de 2024".

"Esta previsão decorre, essencialmente, das restrições no fornecimento de bens e serviços decorrentes da tensão pós-eleitoral", diz o documento do banco central, que acrescenta que o inquérito de novembro aos agentes económicos "aponta para a estabilidade da inflação anual", em torno de 3,14 % em dezembro, equivalente a 19 pontos base "abaixo das expectativas divulgadas no inquérito anterior".

A Comissão Nacional de Eleições deu a vitória ao candidato presidencial da Frelimo, Daniel Chapo, com 70, 6 por cento dos votos, bem como nas eleições legislativas e para governadores.

O partido Podemos, que apoia Mondlane, recorreu ao Conselho Constitucional que deve pronunciar sobre os recursos e anunciar os resultados definitivas da eleiçáo de 9 de outubro.

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