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Moçambique: Polémica com militares "fantasmas" que recebiam salários


Filipe Nyusi no Encerramento do Curso Militar em Montepuez, na Província de Cabo Delgado.
Filipe Nyusi no Encerramento do Curso Militar em Montepuez, na Província de Cabo Delgado.

Oposição diz que desvio de fundos está enraizado no aparelho do Estado e Frelimo desdramatiza dizemdo que descoberta deve-se ao bom trabalho do Governo

A descoberta de sete mil militares fantasmas na folha salarial do Ministério da Defesa Nacional em Moçambique está a gerar polémica no país.

Parlamentares da oposição dizem ser mais uma prova de que o desvio de fundos está enraizado no aparelho do Estado, enquanto a Frelimo, no poder, diz que a descoberta, reflecte o trabalho que está a ser feito no combate ao crime.

A descoberta resultou da recente prova de vida realizada na Função Pública, onde todos os trabalhadores e agentes do Estado foram chamados a dar provas da sua existência, numa espécie de recenseamento anual.

Terminado o processo e feitas as contas, descobriu-se que havia cerca de sete mil militares que constavam apenas na folha salarial, mas que na prática, não existia.

"Eram pagos subsídios a sete mil militares que na verdade, são recursos que caem no bolso de alguém ligado ao sistema. É esta prática que está a contribuir para a degradação da qualidade de vida dos trabalhadores", afirma Fernando Bismarque, parlamentar pela bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

O académico e pesquisador Egídio Guambe considera que há na Função Pública, várias situações de permissividade e volatilidade que permitem esquemas de desvio de dinheiro e que ainda estão fora do controlo.

"Num contexto de conflitos militares, seja na zona centro ou no norte de Cabo Delgado, como é o caso, e numa situação em que não temos a noção exacta de quantos militares nós temos e ao mesmo tempo temos uma manipulação financeira, provavelmente no interior do sistema militar, é problemático, quer para a administração e para o sistema militar em si" avalia aquele analístca política.

Frelimo desvaloriza e destaca trabalho do Governo

Feliz Sílvia, deputado e porta-voz da bancada parlamentar da Frelimo, desdramatiza a situação e destaca que a descoberta de mais este escândalo mostra que há trabalho que o Executivo está a fazer, no sentido de combater actos criminosos no aparelho de Estado, em particular.

"Tomamos conhecimento porque o Governo faz prova de vida. A prova de vida é um exercício anual e pode ser que o problema tenha acontecido da última prova para cá, mas o importante é que o esquema foi desactivado e acredito que as pessoas que protagonizaram o facto serão responsabilizadas", completa o deputado.

Perante esta situação, espera-se pelo pronunciamento do Ministério da Defesa Nacional, que até ao momento, ainda não aconteceu.

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