A descoberta de sete mil militares fantasmas na folha salarial do Ministério da Defesa Nacional em Moçambique está a gerar polémica no país.
Parlamentares da oposição dizem ser mais uma prova de que o desvio de fundos está enraizado no aparelho do Estado, enquanto a Frelimo, no poder, diz que a descoberta, reflecte o trabalho que está a ser feito no combate ao crime.
A descoberta resultou da recente prova de vida realizada na Função Pública, onde todos os trabalhadores e agentes do Estado foram chamados a dar provas da sua existência, numa espécie de recenseamento anual.
Terminado o processo e feitas as contas, descobriu-se que havia cerca de sete mil militares que constavam apenas na folha salarial, mas que na prática, não existia.
"Eram pagos subsídios a sete mil militares que na verdade, são recursos que caem no bolso de alguém ligado ao sistema. É esta prática que está a contribuir para a degradação da qualidade de vida dos trabalhadores", afirma Fernando Bismarque, parlamentar pela bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
O académico e pesquisador Egídio Guambe considera que há na Função Pública, várias situações de permissividade e volatilidade que permitem esquemas de desvio de dinheiro e que ainda estão fora do controlo.
"Num contexto de conflitos militares, seja na zona centro ou no norte de Cabo Delgado, como é o caso, e numa situação em que não temos a noção exacta de quantos militares nós temos e ao mesmo tempo temos uma manipulação financeira, provavelmente no interior do sistema militar, é problemático, quer para a administração e para o sistema militar em si" avalia aquele analístca política.
Frelimo desvaloriza e destaca trabalho do Governo
Feliz Sílvia, deputado e porta-voz da bancada parlamentar da Frelimo, desdramatiza a situação e destaca que a descoberta de mais este escândalo mostra que há trabalho que o Executivo está a fazer, no sentido de combater actos criminosos no aparelho de Estado, em particular.
"Tomamos conhecimento porque o Governo faz prova de vida. A prova de vida é um exercício anual e pode ser que o problema tenha acontecido da última prova para cá, mas o importante é que o esquema foi desactivado e acredito que as pessoas que protagonizaram o facto serão responsabilizadas", completa o deputado.
Perante esta situação, espera-se pelo pronunciamento do Ministério da Defesa Nacional, que até ao momento, ainda não aconteceu.