Cerca de uma centena e meia de candidatos de todas as classes profissionais, entre eles jornalistas com a capa de sociedade civil, concorrem para sete lugares de vogais na Comissão Nacional de Eleições (CNE), em Moçambique.
A corrida deste ano, mostra uma apetência jamais vista para aqueles lugares, o que para alguns sectores de opinião, mostra uma desorganização da própria sociedade civil.
“Para nós, enquanto ativistas da sociedade civil, estamos a demonstrar fraca organização dos processos", disse Alberto Manhique, ativista social, que desde 2003 participou, como membro do Observatório Eleitoral, nos processos que culminaram com a submissão das propostas da sociedade civil para a CNE.
Na sua avaliação, da forma como a corrida deste ano está acontecendo, as perspetivas não são lá muito boas.
“Antes já tínhamos vogais da sociedade civil que eram cooptados pelos partidos políticos para defender os seus interesses; desta vez, do jeito que as coisas estão, teremos membros de partidos políticos na fictícia sociedade civil e aqueles que o partido político vai indicar como estabelece a Lei eleitoral, portanto, ao invés de consolidar os ganhos conquistados, vamos perder as conquistas” defendeu Manhique.
Do lado dos três partidos com assento parlamentar - Frelimo, Renamo e MDM - já há indicação de quem deverá ocupar.
A Frelimo, no poder, vai manter três vogais, e indicar dois novos, entre eles Carlos Cauio.
Da Renamo continua Fernando Mazanga, ex-porta-voz e próximo do falecido líder Afonso Dhlakama. O MDM vai manter Barnabé Nkomo, autor do popular livro “Um Homem, Uma causa”, sobre Urias Simango, um dos fundadores da Frelimo e pai do atual edil da Beira, Daviz Simango.
Mazanga e Nkomo, que conhecem a casa e os desafios, enquanto esperam pela confirmação da sua eleição, dizem que quem quer que venha a fazer parte do órgão, tem que ter a capacidade de mudar o comportamento.
“Todo aquele que é membro da Comissão Nacional de Eleições, na minha opinião, deve primar pela imparcialidade, isto é fundamental” apontou Mazanga.
“Para mim, o problema dos processos eleitorais não é a lei, tem a ver com o comportamento das pessoas durante o percurso, então é preciso moldar as pessoas para entenderem e dar as mãos para que os processos eleitorais em Moçambique sejam livres e transparentes” defendeu Nkomo.
Nesta terça-feira os candidatos da sociedade civil vão à primeira avaliação parlamentar, de onde serão apurados os que irão à votação final pelo plenário.
A nova constituição da CNE será conhecida ainda este.