O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse, na segunda-feira (4), em Maputo, que há democracia e liberdade de expressão em África, "porque os governos permitem", mas defensores de direitos rejeitam a afirmação por contrastar com a repressão policial a marchas pacíficas da sociedade Civil.
“No passado, as pessoas não falavam como agora, o ambiente era diferente. A palavra democracia não existia, ou se existia era democracia interna, onde as pessoas falavam dentro de um contexto; hoje as pessoas podem falar como querem, livremente,” disse Nyusi, num encontro com o seu homólogo zambiano, Hakainde Hichilema.
“Por vezes, nós não acreditamos que nos nossos próprios países se exerce melhor a liberdade de expressão e democracia do que aqueles que usamos como padrão”, disse Nyusi, no comentário relativo à crescente onda de manifestações em países da África Austral.
Para Nyusi, "já não está na moda fazer política de pancadaria ou com guerra, as pessoas devem falar e implementar o diálogo".
Estas declarações surgem dias depois de a Polícia da República de Moçambique ter impedido a realização de marchas em homenagem ao rapper Azagaia, tendo respondido com repressão e violência, o que para o activista social Erik Charas é contraditório.
“Um presidente que diz que a liberdade de expressão e democracia existem é porque não tem noção do que se passa no país”, disse Charas, que criticou as forcas policiais por enveredarem pela repressão “ao invés de proteger o cidadão do seu direito de falar, manifestar e de exigir a melhor governação”.
Charas recordou que “todos os índices de governação apontam que a nossa democracia, liberdade de expressão tem estado a diminuir ano após ano; nós vivemos num país militarizado e se calhar já estamos numa ditadura”.
O analista Wilker Dias acrecentou que essa repressão mina o exercício pleno da democracia e liberdade de expressão.
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